Título: Nome do novo ministro do Trabalho deve sair hoje
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 30/04/2012, O País, p. 5

Dilma terá reunião com presidente do PDT, Carlos Lupi, para definir titular da pasta; deputado Brizola Neto é o mais cotado

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff deve anunciar ainda hoje o nome do deputado Brizola Neto (RJ) como novo ministro do Trabalho, na cota do PDT, em substituição ao ex-ministro Carlos Lupi, presidente da legenda, que deixou a vaga há quase cinco meses. Dilma e Lupi se encontram, às 10h, no Palácio do Planalto. Embora oficialmente o partido tenha garantido, em nota divulgada em março, que não há veto a nenhum dos nomes, nos bastidores ainda é forte a resistência de parte da bancada pedetista na Câmara à indicação de Brizola Neto. Outros dois nomes estão no páreo: o do deputado Vieira da Cunha (RS), e o do secretário geral da legenda, Manoel Dias.

Segundo pedetistas, o encontro com a presidente Dilma na manhã desta segundafeira foi combinado com Lupi por um interlocutor dela, na sexta-feira. A presidente quer anunciar o nome do novo ministro antes do Dia do Trabalhado, comemorado amanhã. O interlocutor de Dilma teria perguntado a Lupi se realmente não haveria restrição a nenhum dos três nomes que estão colocados.

Lupi respondeu que ele, como presidente, não tem restrição, mas que não poderia dizer o mesmo em relação ao restante do partido.

Como dois dos três nomes são de deputados, há resistências pontuais a eles na bancada.

Alguns pedetistas afirmam que se a escolha de Dilma recair mesmo sobre Brizola Neto, o nome preferido da presidente, a bancada romperia com o governo. No Senado, os pedetistas dizem que a escolha é dela. Os que têm restrição a ele afirmam que é uma pessoa “sem a menor aptidão” para o cargo e que os outros dois nomes seriam “mais experientes”.

Procurado, Brizola Neto não retornou.

Em 14 de março, dia em que o PDT divulgou nota reiterando o apoio ao governo Dilma e negando veto aos nomes apresentados, o líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (SP), foi à tribuna cobrar a definição do substituto de Lupi.

O líder afirmou que a decisão caberia exclusivamente à presidente, mas enfatizou que os partidos que compõem a base têm direito a participar de diálogo com a presidente.

Ontem, André Figueiredo voltou a se queixar: — Foi desagradável a presidente não ter chamado também os líderes na Câmara e no Senado para a conversar sobre a participação do PDT no governo dela.

Já o líder do Senado, Acyr Gurgacz (RO), preferiu não polemizar: — O presidente Lupi tem total representatividade para falar pelo partido e fará o que é bom para o partido e o país. Ele sabe das nossas preocupações e vai falar à presidente o que o partido sente. Nós (os cinco senadores) não temos restrições aos nomes e a escolha é da presidente.

Estaremos junto com o governo, independentemente de quem ela escolher.

O Ministério do Trabalho está com o ministro interino, Paulo Roberto Pinto, desde o início de dezembro, quando Carlos Lupi saiu do cargo após resistir por mais de quatro semanas às denúncias de irregularidades em convênios firmados pela pasta com ONGs.