Título: BB terá maior presença estrangeira
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 18/09/2009, Economia, p. 16

Banco ganha estatura no mercado acionário com maior participação de estrangeiros e lançamento de ADRs

O governo está abrindo espaço para a capitalização do Banco do Brasil(1). Ontem a instituição divulgou fato relevante ao mercado para informar a publicação de dois decretos presidenciais. O primeiro aumenta o limite de participação de estrangeiros no capital do banco, de 12,5% para até 20%. O segundo decreto autoriza a emissão de ADR (American Depositary Receipts), lastreados em ações ordinárias do BB na bolsa de Nova York.

Segundo o gerente-geral de Relações com Investidores do BB, Marco Geovanne Tobias da Silva, a participação de investidores no BB hoje está em 11,1%, portanto bastante próxima do teto de 12,5%. ¿Com mais R$ 1 bilhão, os estrangeiros bateriam no teto¿, explicou. De acordo com Geovanne, essa proximidade acabava limitando o apetite do investidor estrangeiro pelas ações do banco. ¿O BB estava ficando pouco atrativo para o investidor estrangeiro¿, reconheceu.

Caso essa situação perdurasse, ou seja, se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não assinasse o decreto permitindo o aumento da participação estrangeira, o BB poderia ter dificuldades para ingressar no novo mercado. A instituição tem hoje 21,7% das suas ações negociadas em bolsa. Para ingressar no novo mercado, o índice precisa atingir os 25%, percentual que deve ser alcançado até junho de 2011, conforme compromisso assumido pelo BB com a Bovespa.

Com a ampliação do limite, o governo sinaliza a oportunidade de compra para o investidor estrangeiro. Como o valor de mercado do BB é de R$ 75 bilhões, 20% desse total significa R$ 15 bilhões. A oportunidade para a aquisição pelos investidores estrangeiros é da ordem de R$ 7,5 bilhões, uma vez que eles já possuem 11,1% das ações do banco negociadas em bolsa. O lançamento de ADRs no exterior, segundo Geovanne, completa esse movimento.

¿Quando você está impossibilitado de lançar ADR, você limita o universo de investidores¿, justificou. O gerente-geral do BB explicou ainda que muitos investidores estrangeiros não podem fazer aquisições em reais. ¿O lançamento de ADRs resolve esse problema. Eles compram as ações do BB, que ficam depositadas aqui no banco custodiante (que é a própria instituição) e recebem um recibo (ADR), que representa as ações.¿

Até o momento o governo não disse se pretende vender parte das ações do BB em seu poder. Como acionista majoritário, o Tesouro Nacional possui 65,6% do capital do banco. Outro grande acionista é a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB, com 10,2% das ações. Por fim, vem o BNDESpar, com 2,5%. As ações restantes são negociadas livremente no mercado, no âmbito da Bovespa.

Mesmo sem uma ação de aumento de capital no momento, via oferta de mais ações no mercado, o simples anúncio do aumento da participação estrangeira combinado com o lançamento de ADR melhorará a liquidez e a atratividade do BB, o que contribuirá para a valorização das ações da instituição. Além do percentual mínimo de 25% de ações negociadas em bolsa, é pré-condição para o ingresso no novo mercado a prática de boa governança corporativa e o aumento da transparência na gestão. Na prática significa que as empresas do novo mercado estão mais comprometidas com seus acionistas.

1 - Na Bovespa O Banco do Brasil foi um dos destaques de alta na Bovespa ontem, depois do aval presidencial ao aumento da participação estrangeira no capital da instituição. O papel do banco chegou a subir 3,52%, fechando em alta de 1,2%. O resultado é expressivo porque a bolsa paulista registrou queda de 0,29%. Além disso, os bancos Bradesco e Itaú Unibanco subiram 0,2% em média.

RANKING DOS MAIORES A crise mundial, a retração do crédito e a redução da taxa básica de juros (Selic) fizeram com que o lucro líquido dos 100 maiores bancos do país caísse 24,48% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Esse dado pode ser obtido no novo ranking dos 100 maiores bancos do país, divulgado ontem pelo Banco Central. No ranking o BC fez pequenas modificações. Passou a incluir na lista os bancos de desenvolvimento, como BNDES e os bancos das montadoras, que eram divulgados separadamente. No novo ranking também já está contemplada a união do Itaú com o Unibanco.De acordo com os dados obtidos na página do BC, entre janeiro e junho deste ano, os ganhos das 100 maiores instituições somaram R$ 19,3 bilhões. Nos primeiros seis meses de 2008, o lucro foi de R$ 25,5 bilhões. Entre os grandes bancos, a maior queda foi registrada pela Caixa Econômica Federal, de R$ 2,54 bilhões, no primeiro semestre de 2008, para R$ 1,15 bilhão em 2009. A retração na Caixa chegou a 54%.