Título: Vamos a voto, não vejo outra maneira de resolver
Autor: Souza, André
Fonte: O Globo, 24/04/2012, O País, p. 5

Vamos a voto, não vejo outra maneira de resolver

corpo corpo

PAULO PIAU (PMDB-MG)

BRASÍLIA. O deputado Paulo Piau (PMDB-MG), relator do novo Código Florestal na Câmara, reconhece que dificilmente haverá acordo em torno do texto, que deve ser votado em plenário hoje. Responsável por mudanças que desagradam ao governo, ele nega que seu texto resulte em danos ambientais.

PAULO PIAU: Acredito que será dividido, numa discussão polêmica. Vamos a voto, porque não vejo outra maneira de resolver essa questão. A menos que avancemos de hoje (ontem) para amanhã (hoje), num acordo que é possível, se as lideranças, os partidos tiverem o interesse maior no Brasil e não interesse político-partidário eleitoral. Mas é difícil separar essas coisas. Se não for assim, vamos a voto. Não tem outro jeito de decidir na democracia.

E o senhor enxerga disposição dos dois lados de avançar num acordo até a votação?

PIAU: Quando se tirou as faixas de 15 a 100 metros, parece que o mundo desabou, que desprotegeu a beira dos rios. Isso não é verdade. Mas acho extremamente difícil chegar a esse acordo.

O governo pensa diferente do senhor a respeito da necessidade de recuperar margens de rios.

PIAU: Se o governo pensa diferente, é porque não entendeu ainda o que significa o Programa de Regularização Ambiental. Está escrito no texto, é só ler, é só saber interpretar. Admito que o texto, para quem não tem o pé na terra, é muito difícil de compreender. E aí misturam outros interesses no meio. Mas não existe nenhuma irresponsabilidade, como querem dizer que, se tirar as faixas de 15 a 100 metros, está tudo destruído.

PIAU: Eu só vi a posição da ministra do Meio Ambiente e de ambientalistas. Eles estão achando um horror, um desastre, uma lástima. Agora, eu não vi a posição do ministro da Agricultura, do ministro de Desenvolvimento Agrário, do ministro das Cidades. Então há uma prevalência de opiniões do lado ambientalista. Do lado produtivo, ninguém foi ouvido.