Título: A primeira mulher presidente da Funai
Autor: Pierry, Flávia
Fonte: O Globo, 24/04/2012, O País, p. 5

Antropóloga entra no lugar de Meira

BRASÍLIA. A Fundação Nacional do Índio (Funai) terá a primeira presidente mulher de sua História: a antropóloga Marta Maria do Amaral Azevedo vai assumir o cargo no lugar de Márcio Meira, que pediu demissão. A nomeação de Marta foi publicada ontem no Diário Oficial, em ato assinado pela presidente Dilma Rousseff. Meira, porém, não ficará sem emprego. Na mesma edição do D.O., foi nomeado assessor especial do ministro da Educação, Aloizio Mercadante.

O MEC não explicou qual será a função de Meira. Limitou-se a informar que ele foi contratado como assessor especial do ministro. Meira despachou ontem na Funai. Foi procurado, mas a assessoria de imprensa não deu retorno.

Marta é formada em Ciências Sociais pela USP e doutora em Demografia pela Unicamp, onde é professora da pós-graduação. Já presta consultoria a projetos do governo federal para a população indígena. A antropóloga foi consultora para Educação Escolar Indígena e também para o Censo Escolar Indígena, entre 1992 e 2002, em projetos ligados ao MEC.

A saída de Meira do comando da Funai foi comemorada por setores da política. O deputado Moreira Mendes (PSD-RO), um líder ruralista, afirmou que a troca do comando no órgão "já não era sem tempo":

- A administração da Funai, sob todos os aspectos, tem sido desastrosa. A saúde indígena está terrível. O governo precisava tomar uma decisão. O ministro (da Justiça, José Eduardo) Cardozo me disse que o governo está atento. E isso é uma das medidas que ele tomou . O governo agiu bem. Temos a esperança de que a coisa melhore.

O deputado diz que não havia diálogo entre Meira e o Legislativo e que a troca deve ajudar a encaminhar a solução dos conflitos entre fazendeiros e índios na Bahia:

- Não pode ser uma discussão ideologizada. Precisamos ver o que é melhor para o país. O país não é feito só de índios.

Para a deputada Perpétua de Almeida (PCdoB-AC), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, o governo não tinha acertado em escolher Márcio Meira, e pode estar errado novamente na troca no comando da Funai:

- Se a gente não mudar o foco e não criar uma política indígena acertada, nada resolve. O Ministério da Justiça e a Funai teriam que conversar com as comunidades indígenas para tratar da criação de uma política nacional para a questão indígena, com sustentabilidade.