Título: Dólar fecha no maior patamar desde novembro
Autor: Sorima Neto, João
Fonte: O Globo, 24/04/2012, Economia, p. 19
Cotada a R$ 1,88, moeda sobe 0,69%. Bolsas caem no mundo por crise na Europa e queda na indústria chinesa
SÃO PAULO e BRASÍLIA. Incertezas políticas na Europa e dados econômicos fracos da zona do euro e da China provocaram ontem um dia de quedas generalizadas nas principais Bolsas. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), caiu 1,53%, aos 61.539 pontos, com volume de R$ 6,8 bilhões. O dólar refletiu também a aversão ao risco e, sem a atuação do Banco Central, fechou em alta de 0,69%, a R$ 1,8830 na venda e a R$ 1,8810 na compra - maior cotação desde 25 de novembro, quando fechou a R$ 1,88. Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 1,892, aslta de 1,18%.
- O dólar já abriu o dia com alta de 0,5% no mercado doméstico, refletindo as notícias negativas de Europa e China. A moeda americana oscilou pouco e se manteve durante todo o dia na casa de R$ 1,88, no intervalo pretendido pelo BC, entre R$ 1,85 e R$ 1,90 - avaliou Felipe Pellegrini, do Banco Confidence.
A Bovespa abriu o dia em queda superior a 1% após o anúncio de que a atividade manufatureira chinesa (PMI, na sigla em inglês) ficou em 49,1 em abril contra 48,3 em março. Embora tenha mostrado leve melhora, o número indica que o setor pode fechar o sexto mês consecutivo de baixa. Abaixo de 50 pontos, o indicador sinaliza contração econômica. Na zona do euro, a estimativa preliminar para o PMI composto dos setores de serviço e manufatureiro caiu para 47,4 em abril, o menor patamar em cinco meses, frente a 49,1 em março. Na Alemanha, o mercado previa PMI de 49 pontos, mas ficou em 46,3 em abril contra 48,4 em março.
Os investidores também avaliaram os desdobramentos do processo eleitoral na França, onde François Hollande saiu na frente na disputa pelo segundo turno com Nicolas Sarkozy. O candidato socialista à presidência pretende taxar o sistema financeiro e renegociar o pacto fiscal europeu se vencer.
- O peso da França na zona do euro é muito grande, já que é a segunda economia da Europa. No atual processo de contenção de gastos e políticas fiscais restritivas, uma mudança de posicionamento pode ser desastrosa para a região - disse Jason Vieira, da Corretora Cruzeiro do Sul.
Na Holanda, o premier Mark Rutte entregou seu pedido de renúncia já que não chegou a um acordo sobre os cortes orçamentários. E a informação de que a Espanha está oficialmente em recessão trouxe mais preocupação. O BC espanhol divulgou ontem que o PIB encolheu 0,4% no primeiro trimestre, após encolher 0,3% no quarto de 2011.
Focus prevê piora nas contas externas em 2013
Outro dado preocupante foi a dívida pública dos 17 países da zona do euro, que ficou em 87,2% do PIB em 2011, maior nível desde a adoção da moeda única, em 1999. No ano passado, a dívida ficou em 85,3% do PIB.
Com esse cenário, as bolsas europeias fecharam em baixa: Madri caiu 2,76%; Frankfurt, 3,36%; Paris, 2,83%; e Londres, 1,85%. Nos EUA, os pregões também refletiram a Europa e fecharam em queda: Dow Jones 0,78%; Nasdaq, 1% e S&P 500, 0,84%.
Já os analistas do mercado brasileiro estão mais pessimistas em relação às contas externas. A estimativa é que o país encerre 2013 com resultado negativo de US$ 75 bilhões nas transações correntes - salto em relação aos US$ 72 bilhões da semana anterior. Segundo a pesquisa Focus, feita semanalmente pelo BC com o mercado, a expectativa de crescimento do PIB caiu de 4,3% para 4,25% em 2013. Para este ano, a previsão subiu de 3,20% para 3,21%. E as projeções para o IPCA ficaram estáveis em 5,08%. O objetivo é de 4,5%.