Título: Do computador a máquina de lavar, brasileiros têm mais acesso a bens
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 28/04/2012, Economia, p. 26

Do computador a máquina de lavar, brasileiros têm mais acesso a bens

Alta da renda permitiu que eletrodomésticos e eletrônicos invadissem os lares

RIO e RECIFE. Com mais renda, os brasileiros passaram a ter mais acesso a bens. Da televisão, presente em quase todos as casas, a computador em franca expansão, eletrodomésticos e eletrônicos invadiram os 57,3 milhões de lares do país.

— O acesso a mais bens é consequência direta do aumento da renda na última década — disse Marcelo Neri, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Segundo o censo, a presença do computador nos lares deu um salto de 2000 a 2010: passou de10,6% para 38,3% dos domicílios (ou 21,9 milhões). A reboque, a internet, investigada pela primeira vez pelo IBGE, avançou.

Em 2010, um terço das residências estava conectada. A região com maior presença de computador em casa é a Sudeste ( 48%) — mais do que o dobro do Nordeste, (21,2%). Já a máquina de lavar está em 47,3% dos lares.

Não há qualquer telefone em 12,1% dos lares O acesso a crédito também permitiu que mais famílias tivessem carro. Em 10 anos, a participação do automóvel passou de 32,7% para 39,5%. A presença de motocicleta, investigada pela primeira vez no censo, foi de 19,5%.

No Norte, há mais motos que carros.

São 24,1% casas com motos ante 19,4%, com automóvel.

Mais brasileiros, segundo o censo, têm mais acesso a serviços de telefonia. Em 2000, eram 39,7% de domicílios com linha telefônica instalada. Presença que sobe para 87,9% em 2010, quando considerados os lares com algum telefone (fixo ou celular).

Mesmo assim, ainda há12,1% das residências sem qualquer tipo de telefone. Dos 57,3 domicílios, 54 milhões tinham água canalizada.

Mas, no Norte, 20% dos domicílios não têm o serviço.

— A muitos brasileiros são negados um dos direitos mais básicos: a água — disse Flávio Comim, consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) da ONU. — O governo dá crédito para o consumo, permitindo distorções como TVs em LCD na favela, onde não se tem acesso a água.

Morando em comunidade carente de Recife, Cleonice da Silva ganha a vida com a venda de quitutes, o que lhe permitiu comprar o primeiro computador.

— Minha filha faz os trabalhos da faculdade — disse Nice, que não vai mais enxaguar roupa no tanque: acaba de comprar uma máquina de lavar. (Fabiana Ribeiro e Letícia Lins)