Título: Dilma elege 2 diretores técnicos na Petrobras
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 28/04/2012, Economia, p. 28

Engenheiros Cosenza e Olm substituem, respectivamente, Costa e Duque, que eram indicações políticas do governo Lula

Com a mudança de dois diretores, a presidente Dilma Rousseff deu ontem mais um passo em seu plano de trocar toda a direção da Petrobras desde que Graça Foster assumiu a empresa, em fevereiro. Com a mudança, executivos indicados por partidos políticos da base de apoio no governo Lula, dão lugar a funcionários de carreira da companhia, que ruma para uma gestão eminentemente técnica.

Ontem, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou o nome de José Carlos Cosenza para o cargo de diretor de Abastecimento em lugar de Paulo Roberto Costa. Cosenza, que era gerente-executivo de Refino e é engenheiro químico, está há 36 anos na Petrobras. O executivo já ocupou diversas posições gerenciais e foi uma indicação de Graça Foster.

Reação no PP foi de revolta com saída de Costa

A outra mudança aprovada foi na diretoria de Engenharia, com o nome de Richard Olm, em substituição a Renato Duque. Olm era gerente-executivo de Projetos de Desenvolvimento da Produção e também é funcionário de carreira da Petrobras, onde trabalha há 33 anos. Ele conta com o apoio pessoal de Graça, com quem trabalhou na diretoria de Gás e Energia quando ela era diretora. Após assumir a presidência em fevereiro, Graça transferiu Olm para a diretoria de Engenharia, num primeiro passo para sua nomeação. O executivo é engenheiro mecânico e ocupou diversas posições gerenciais nas áreas de Exploração & Produção e Gás & Energia.

O diretor da Área Internacional, José Zelada, que também seria substituído ontem, foi mantido no cargo por mais um tempo. A permanência de Zelada, por mais 30 dias, segundo fontes da área política, tem como finalidade dar tempo para que Graça e o Palácio do Planalto negociem com o PMDB um nome para substituí-lo. O partido, segundo interlocutores, foi informado pelo próprio Zelada que ele queria deixar o cargo, mas o diretor concordou em ficar mais um mês para viabilizar a transição. O PMDB também já sabe que precisa indicar um nome com perfil técnico, pois este é o desejo de Graça Foster.

No PP, a reação com a demissão de Paulo Roberto Costa foi de revolta, mas ontem nenhum dos líderes do partido quis comentar a saída do diretor.

Uma fonte próxima à mudança na Petrobras explicou que as trocas desagradaram os partidos políticos.

Em junho, diretor financeiro deve sair

Até junho, a ideia de Dilma e de Graça é também mudar a diretoria Financeira ocupada por Almir Barbassa, funcionário de carreira da companhia, que foi indicado pelo ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli.

Segundo uma fonte, desde que assumiu, a presidente Dilma queria fazer uma mudança geral na gestão da Petrobras. Só que, para não prejudicar a continuidade dos trabalhos, decidiu fazer as trocas em várias etapas, sem traumas.

Com isso, desde fevereiro, já mexeu em cinco cargos no comando da estatal: na presidência da estatal,com Graça Foster no lugar de José Sérgio Gabrielli, e em quatro diretorias (Exploração e Produção, Energia, Abastecimento e Engenharia). Somente a nova diretoria de Assuntos Corporativos está ocupada por uma indicação considerada política, José Eduardo Dutra.

(*) COLABOROU Cristiane Jungblut