Título: PMDB antecipa eleição
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 19/09/2009, Política, p. 4

Caciques tentam deixar nos cargos de comando da legenda apenas os filiados simpáticos à candidatura de Dilma

Berzoini com Temer: elaboração de programa de governo de Dilma

Para afinar os integrantes da cúpula peemedebista com a proposta de alinhamento à candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, os caciques do partido decidiram antecipar a eleição do Diretório Nacional para dezembro. A escolha dos novos dirigentes ocorreria em março do ano que vem.

Antecipar as eleições serve também para incluir os senadores na cúpula administrativa partidária. Isso deixaria mais claros os interesses eleitorais do partido pró-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Existem duas propostas para a nova direção. Um dos cenários teria o deputado Eunício Oliveira (CE) na cabeça e o senador Romero Jucá (RR) como primeiro-vice. No outro, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), licenciado do comando do partido, seria reeleito e Eunício ficaria de primeiro vice. Temer, nesse último caso, abdicaria de tocar o dia a dia partidário e deixaria como interino um deputado afinado com a plataforma do grupo e com procuração para realizar qualquer negociação política com os aliados. ¿Se optarmos por reeleger o Michel daremos um posto de destaque para o Senado. O Jucá poderia ser segundo vice-presidente, secretário-geral ou tesoureiro¿, disse um peemedebista.

Além da vontade de colocar pessoas mais fiéis no comando partidário, os caciques estão insatisfeitos com a maneira como a deputada Íris de Araújo (PMDB-GO) toca o dia a dia da máquina partidária sem ginga política. Na Câmara, os deputados do PMDB criticam Íris por criar dificuldades burocráticas e não servir para fazer discussões políticas sobre a aliança com o PT por ser uma liderança, segundo eles, inexpressiva. A máquina partidária é oficialmente comandada pela deputada de Goiás desde que Temer licenciou-se logo após vencer a presidência da Câmara. Íris é responsável pela burocracia da legenda, assinar documentos, requisitar materiais, financiar pesquisas, e Temer se encarrega das conversas políticas.

Acerto

Os peemedebistas também decidiram esfriar as exigências para a aliança com o PT. O novo acerto prevê que será fechado o acordo nacional com a declaração oficial dos dirigentes dos dois partidos de que o PMDB terá a vice na chapa de Dilma, como antecipou a coluna Brasília-DF. E depois se discutirão os estados. Segundo uma fonte próxima do presidente Lula, ficou acertada uma reunião para o começo de outubro, depois do giro internacional que ele fará, para anunciar o acordo. Serão convocados Temer, o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP) e a ministra da Casa Civil.

Com esse acerto, será dado o segundo passo. O PT decidiu que convocará a cúpula do partido aliado para começar a elaborar o programa de governo da candidatura de Dilma. A proposta foi construída para acalmar os peemedebistas, insatisfeitos com meses de negociações inócuas. O PMDB passou a cobrar uma posição mais decisiva do PT depois de ver diretórios estaduais antes favoráveis à aliança em torno da ministra Dilma questionarem a escolha, como Pará, Ceará, Goiás, Rio e Bahia. A direção petista vendo o cenário se deteriorar saiu ao resgate do acordo. ¿Vamos estabelecer alguns gestos comuns que possam ajudar a consolidar a relação. Vamos chamar o PMDB para abrir o debate sobre programa de governo e mostrar para as bases que as direções estão trabalhando conjuntamente¿, afirmou Berzoini.

Vamos chamar o PMDB para abrir o debate sobre programa de governo e mostrar para as bases que as direções estão trabalhando¿