Título: Multinacionais, alvo frequente de nacionalistas
Autor:
Fonte: O Globo, 02/05/2012, Economia, p. 19

As nacionalizações da Rede Elétrica Espanhola, na Bolívia, e da YPF, na Argentina, são apenas os casos mais recentes de uma onda na América Latina. As multinacionais estrangeiras são alvos frequentes desde o início dos anos 2000, com a chegada ao poder de governos nacionalistas na Venezuela, na Bolívia, na Argentina e no Equador.

Na Bolívia, tudo começou há seis anos, quando o governo de Evo Morales decretou a nacionalização de toda a cadeia de petróleo e gás, também num Dia do Trabalho. Com o decreto, foram estatizadas as subsidiárias das multinacionais, entre elas a Petrobras, que, à época, tinha investimentos de cerca de US$ 1 bilhão na Bolívia e respondia por cerca de 45% da produção de gás no país.

O jornal espanhol "El Mundo" listou casos envolvendo empresas espanholas, alvo frequente dos nacionalistas. Ainda na Bolívia, quando o decreto de nacionalização do petróleo e do gás completou dois anos, foram mais três estatizações. Também em 2008, foi a vez da telefônica Entel, controlada pela italiana Euro Telecom Internacional. No Dia do Trabalho de 2010, quatro empresas de geração e distribuição de energia foram a bola da vez.

Na Argentina, em 2008, foi expropriada a companhia aérea Aerolíneas Argentinas, então controlada pelo grupo espanhol Marsans. O jornal espanhol destaca também o cancelamento de concessões públicas, como o serviço de saneamento em Buenos Aires.

O governo de Hugo Chávez também é destaque. Em 2008, foi nacionalizado o Banco de Venezuela, que pertencia ao espanhol Santander. Chávez também atacou nos setores de petróleo, de telecomunicações, siderurgia e cimento. Em 2010, foram confiscadas fazendas e 120 mil cabeças de gado da filial de companhia inglesa Vestey. No Equador, a Repsol teve contratos rescindidos antes do prazo, em 2008.