Título: Juros: Febraban evita rebater Dilma
Autor: Scrivano, Roberta
Fonte: O Globo, 02/05/2012, Economia, p. 20
Entidade de bancos privados não comenta críticas da presidente a altas taxas
SÃO PAULO. A crítica feita na segunda-feira, em rede nacional, pela presidente Dilma Rousseff aos bancos privados, quando afirmou que é "inadmissível" o custo dos empréstimos no Brasil, não foram rebatidas pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). A entidade apenas disse, em nota ontem, que "não comenta as declarações da presidente".
O embate entre governo e banqueiros sobre taxas de juros começou em março. Após o quarto corte seguido na taxa básica (Selic, que chegou a 9,75% em 7 de março e agora está em 9%) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), o governo começou a se incomodar com a falta de repasse do recuo para o consumidor.
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, reconheceu ontem que o pronunciamento de Dilma faz parte de esforço do governo federal para reduzir o custo dos financiamentos, mas negou que a presidente teve a intenção de "enquadrar" as instituições financeiras.
Antes de Dilma levar a público a sua insatisfação, o presidente da Febraban, Murilo Portugal, negociava com o governo formas para reduzir os juros ao consumidor. Depois de algumas reuniões, Portugal criou um impasse ao declarar que "a bola (da negociação) estava com o governo". O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu.
Melhores condições
têm prazo muito curto
Pouco depois, em 4 de abril, o Banco do Brasil (BB), maior banco estatal, anunciou redução dos juros para financiamentos de veículos, crédito consignado e crédito direto ao consumidor. No dia seguinte, foi a vez da Caixa, que cortou também taxas de cheque especial e cartão de crédito. Os bancos privados seguiram o caminho, mas só o Santander baixou os juros do cheque especial e do cartão.
No entanto, não é fácil conseguir taxas reduzidas nos bancos estatais. O menor juro no financiamento de veículos no BB (de 0,97% ao mês) tem prazo só de quatro meses.
COLABORARAM Gustavo Uribe e Silvia Amorim