Título: PT defende mudança na poupança
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 03/05/2012, Economia, p. 23

PT defende mudança na poupança

Presidente da Câmara afirma que é preciso adequar o país aos juros baixos

BRASÍLIA. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), se antecipou ao provável anúncio de mudanças nos rendimentos da caderneta de poupança, na reunião de hoje do Conselho Político, e saiu em defesa da medida, lembrando que é necessária diante da realidade do país, que caminha para taxas de juros próximas dos países desenvolvidos. Maia, no entanto, fez questão de destacar que não se trata de mexer ou mesmo confiscar a poupança, como aconteceu no passado, mas alterar a rentabilidade da aplicação.

- O Brasil se aproxima de uma realidade de juros mais baixos. Todas as regras deverão ser revistas, retrabalhadas neste momento. Nos Estados Unidos você compra uma casa com juros e correção de 3% e aqui temos juros de 12% e mais correção monetária. Chegam a ultrapassar 20%, o que não é razoável - disse Maia.

Tucanos querem análise para mexer na poupança

O presidente da Câmara defendeu uma relação mais equilibrada, em que as instituições financeiras possam manter sua rentabilidade, mas sem prejudicar os consumidores:

- Essa relação de quem empresta e quem toma empréstimo tem que ser mais equilibrada, adequada, para garantir rentabilidade aos bancos e para que o cidadão não seja lesado. Precisamos fazer as contas: se baixar os juros a 2%, como vi ventilado, é óbvio que vamos ter que rever o que é pago. Não estamos falando em mexer na poupança, em confisco. Estamos falando em adequar a poupança a taxas mais adequadas com juros mais baixos. Ninguém vai perder, todo mundo ganha. Vamos ter dinheiro mais barato.

Já o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), disse que o partido pediu um estudo para saber se realmente o Brasil chegou no limite da taxa de juros que requer mudanças nos rendimentos da poupança - que são fixos (TR mais 0,5% ao mês). O líder tucano disse que o uso da poupança é muito tradicional e que qualquer mudança deve ser analisada não só sob o ponto de vista econômico, mas também político:

- Qualquer alteração na poupança tem que ter uma grande reflexão política, mais do que econômica. Não acredito em confisco, não tem espaço para medidas como esta. Se o governo optar por mudar a rentabilidade, vamos avaliar e tomar uma posição conjunta do PSDB.

O líder do PR, Lincoln Portela (MG), também preferiu não polemizar em relação às mudanças.

- Tudo o que a presidente Dilma Rousseff está fazendo é em benefício da população, e não acredito que vá ser diferente em relação à caderneta de poupança. Não tem cheiro, DNA de plano mirabolante.