Título: Na posse de Brizola Neto, trégua no PDT
Autor: Miranda, Gustavo
Fonte: O Globo, 04/05/2012, O País, p. 10

Lupi nega mal-estar e elogia escolha do novo ministro do Trabalho; em discurso, Dilma lembra ex-governador Leonel Brizola

Catarina Alencastro, Luiza Damé e Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA. Na cerimônia de posse do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, ontem, no Palácio do Planalto, a ordem era deixar de lado as divergências que marcaram o processo de escolha do substituto definitivo de Carlos Lupi, presidente do PDT, que deixou o governo em dezembro do ano passado sob suspeitas de irregularidades em convênios da pasta.

Sobraram elogios de todos para todos. Lupi já chegou ao Planalto negando que o PDT tenha se dividido sobre a nomeação de Brizola, embora a demora na escolha do novo ministro tenha sido em função de resistências no partido ao deputado escolhido por Dilma.

- Eu nunca tive mal-estar. Tinha três nomes colocados, o dele era um dos nomes. A escolha foi da presidente, como não poderia ser diferente. Ela escolheu um dos três. Ok, ótimo. Sempre será escolha da presidente. E também do partido, claro. É um belíssimo nome - disse Lupi.

A cerimônia, embora concorrida, não contou com a presença de muitos parlamentares. Nem mesmo o líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), que era contra a indicação de Brizola Neto, compareceu.

Dilma elogiou o novo ministro e agradeceu ao trabalho de Lupi e Paulo Roberto Pinto, o interino que ocupou o cargo por 5 meses. Pinto, por sua vez, disse que o tempo mostrará que Lupi foi excelente ministro. Neste momento, os poucos aplausos se misturaram a uma pequena vaia, causando constrangimento.

Em um discurso nacionalista, assistido por sindicalistas e representantes de movimentos sociais e da agricultura familiar, Dilma fez uma homenagem ao avô do novo ministro, o ex-governador Leonel Brizola:

- Muito significativa a circunstância que traz ao cargo de ministro um jovem que representa, inclusive no sobrenome Brizola, uma história de mais de meio século de lutas sociais em defesa do interesse nacional e de conquistas de direitos por parte dos trabalhadores brasileiros - disse Dilma, lembrando de outro parente de Brizola Neto, o tio-avô João Goulart, ex-presidente e ex-ministro do Trabalho, com a mesma idade do atual.