Título: Ministério quer curso revigorado
Autor: Tupinambás, Glória
Fonte: Correio Braziliense, 19/09/2009, Brasil, p. 18

Comissão do MEC propõe mudanças para valorizar diploma, que não é mais obrigatório para o exercício da profissão.

Mudanças à vista nos cursos de jornalismo de todo o país. Uma comissão chefiada pelo Ministério da Educação (MEC) apresentou ontem, em Brasília, relatório que sugere a obrigatoriedade do estágio supervisionado para os alunos, a separação do jornalismo do curso de graduação em comunicação social nas universidades e o aumento da carga horária de estudos. A proposta com as novas diretrizes curriculares será agora avaliada pelo Conselho Nacional de Educação e a expectativa do MEC é de que as alterações sejam aprovadas ainda este ano para começar a vigorar em 2010.

O principal objetivo da revisão das regras é valorizar o diploma (1)de jornalista, que deixou de ser obrigatório para o exercício da profissão este ano, depois de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). ¿A atualização do projeto pedagógico dos cursos de jornalismo vai ajudar a fortalecer a categoria, pois permitirá a formação de profissionais mais competentes e qualificados. Estamos propondo a criação de seis eixos pedagógicos na graduação, para dimensionar melhor a prática dos estudantes. A ideia não é fazer um curso técnico, e sim mais crítico e pragmático¿, diz o presidente da Comissão de Especialistas em Ensino de Jornalismo do MEC, José Marques de Melo.

A proposta é de que o curso continue com quatro anos de duração, mas com carga horária estendida das atuais 2,8 mil para 3,2 mil horas/aula. Desse total, 200 horas devem ser de estágio obrigatório, supervisionado por professores e feito por meio de convênios entre as universidades e empresas de comunicação. Os especialistas também defendem que o jornalismo deixe de ser uma habilitação da área de comunicação, tornando-se uma graduação independente. Segundo relatório do MEC, ¿a imposição do curso de comunicação social de modelo único, em substituição ao curso de jornalismo, teve consequências prejudiciais para a formação universitária da profissão¿.

As sugestões foram bem aceitas pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que acompanhou todo o trabalho da comissão. ¿As mudanças são positivas. Acredito que a separação entre jornalismo e comunicação social vai fortalecer a carreira, que teve sua importância diluída ao se misturar com publicidade e propaganda e relações públicas. O isolamento vai permitir o estudo mais concentrado das teorias do jornalismo¿, afirma o diretor da Fenaj, José Carlos Torves.

1 - Diploma Em meados de junho, os ministros do STF decidiram por oito votos a um acabar com a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. A Corte seguiu o entendimento do ministro Gilmar Mendes, presidente do tribunal e relator do processo, que danos a imagens de terceiros inerentes à profissão de jornalista não poderiam ser evitados apenas com um simples diploma.