Título: Líderes querem aprovar MP da poupança ainda neste semestre
Autor: Jungblut, Cristiane; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 05/05/2012, Economia, p. 28

BRASÍLIA. Os líderes governistas querem aprovar ainda no primeiro semestre, e sem alterações, a medida provisória (MP) 567, que muda as regras de correção da caderneta de poupança. Mas eles admitem que não será fácil passar na frente de 13 MPs editadas antes de 4 de maio. Os próprios líderes partidários deverão integrar a comissão mista que será formada na semana que vem para analisar a MP. A estratégia é correr com as 13 que estão na frente e aprovar antes do recesso de julho as novas regras da poupança, escapando da proximidade das eleições municipais. Há ainda a avaliação de que o clima da CPI Mista do Caso Cachoeira poderá ficar mais tenso quando entrar na pauta a convocação ou não de governadores, o que pode dificultar a votação.

As mudanças na remuneração da caderneta foram publicadas no Diário Oficial, em edição extra na quinta-feira. Como anunciado, o texto da MP 567 prevê que a correção da caderneta será equivalente a 70% da Selic mais TR (Taxa Referencial) a partir do momento em que a taxa básica de juros ficar igual ou inferior a 8,5% ao ano. A alteração vale para novas contas e novos depósitos feitos a partir de ontem.

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que vai participar da comissão mista. A ideia é escolher "parlamentares de confiança" para ela. Braga já havia conversado com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e ainda falaria com o líder do PT, Walter Pinheiro (BA).

Para os parlamentares governistas, a mudança na poupança foi politicamente menos traumática que o previsto. Na véspera, no encontro com a presidente Dilma Rousseff, o temor era perder a guerra da comunicação. A avaliação é que foi fundamental garantir os atuais depósitos. Por isso, apesar das críticas do PSDB, eles não acreditam que haverá problemas na base aliada, que, se votar unida, tem ampla maioria para aprovar a medida. Para os líderes, foi fundamental o Planalto ter organizado a reunião de Dilma com os partidos.

Além disso, a partir da próxima semana o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve fazer uma maratona de encontros com parlamentares. O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), foi o primeiro a acertar com Mantega uma conversa com toda a bancada.

A MP tem validade de até 120 dias, expirando em 14 de setembro. A partir do 45º dia de vigência, a medida passará a trancar a pauta da Câmara, ou seja, no dia 17 de junho passa a ter prioridade sobre outras votações. Os líderes já fizeram uma avaliação das MPs que estão na pauta e concluíram que a maioria não é polêmica. A ordem do Planalto é não haver modificação na MP 567, para evitar os tradicionais penduricalhos que os parlamentares costumam adicionar ao texto original.

- A tendência é votar ainda no primeiro semestre. Depois, você terá eleição e poderá haver problema de quorum. E esta MP tem que ser muito exata, não pode se confundir a questão da poupança com outras. São 90 milhões de pessoas com caderneta de poupança no país - disse Braga.