Título: Casa própria mais acessível
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 19/09/2009, Economia, p. 24

Maior oferta de crédito e de imóveis eleva para 70% a participação de residências quitadas no total de domicílios

Edificações: outro avanço detectado pelo IBGE foi no número de casas e apartamentos em fase de compra, que aumentou 4,3% no ano passado

Sonho de consumo dos brasileiros, a casa própria está muito mais acessível. ¿Não só a oferta de imóveis aumentou, como cresceu significativamente o crédito disponível para financiamentos¿, afirmou a economista Adriana Beringuy, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ela, entre 2007 e 2008, a participação dos imóveis próprios quitados no total de domicílios do país passou de 69,9% para 70,1% e o número de casas e apartamentos em processo de aquisição avançou 4,3%. A perspectiva dos analistas é de que, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, esse quadro se torne ainda mais positivo, em função do programa do governo Minha Casa, Minha Vida, voltado, principalmente, para famílias com renda mensal de até três salários mínimos.

Ainda que bastante jovem, Iara Souza, 23 anos, viu no bom momento do mercado imobiliário a oportunidade de mudar de vida. Quando se mudou de Goiânia para Brasília para cursar a faculdade de psicologia, ela alugou uma quitinete, prática comum entre estudantes que não se podem dar ao luxo de maiores confortos. Mas, seis anos depois, Iara conta as horas para a entrega do apartamento de dois quartos que financiou com a ajuda da mãe. ¿Eu queria um espaço com mais cara de casa, e dei muita sorte, mesmo o apartamento não sendo perto de meu trabalho¿, contou. A expectativa é de que, até o fim do ano, ela a e a cachorrinha Catarina já estejam desfrutando o novo lar.

Líder em emprego

Com a construção civil bombando, o setor comandou a criação de empregos com carteira assinada no ano passado. Foram 900 mil das 2,1 milhões de vagas, um incremento de 14,1% em relação a 2007. O setor, puxado pelo segmento de imóveis residenciais, passou a responder por 7,5% do total de postos de trabalho no país. ¿Foi um desempenho realmente expressivo. Em 2007, a construção empregava 6,7% do total de trabalhadores¿, disse Adriana. Os saltos maiores da construção foram verificados nas regiões Norte (19,9%) e Nordeste (+19,6%), reflexo do aumento de renda e do emprego, que têm atraído um grande número de construtoras interessadas em explorar esses mercados.

Em contrapartida, houve um recuo forte no emprego agrícola. Foi a primeira vez que o setor deixou de figurar como o maior demandador de mão de obra do país. Segundo a Pnad, de 2007 para 2008, a participação do campo no mercado de trabalho encolheu de 18,4% para 17,4%, empatando com o comércio, que teve a sua parcela no emprego reduzida de 18% para 17,4%. ¿O emprego ficou mais urbano¿, destacou a economista do IBGE.

Na indústria, o quadro foi de estabilidade, com a participação no emprego passando de 15,2% para 15,1%. Mas é importante ressaltar que esses números não sofreram nenhum impacto da crise mundial, que se agravou depois de setembro do ano passado, quando a Pnad já havia sido concluída.

DESTAQUE NORDESTINO A melhoria da renda e a maior oferta de crédito permitiram que, em 2008, os brasileiros ampliassem o acesso a bens de consumo. Pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 31,2% do lares tinham computadores. Já as residências com computadores com acesso à internet, correspondiam a 23,8% do total. A região com maior número de casas com computadores é a Sudeste (40%). E a menor relação está no Nordeste: 15,7%, índice superior a de domicílios com máquinas de lavar roupa(15,5%). A Pnad constatou que, pela primeira vez, o número de residências com telefone em áreas rurais passou a ser maioria: 50,82% ou 4,397 milhões de lares. Os moradores do campo também mostraram grande interesse pela máquina de lavar. De 2007 para 2008, 4,103 milhões de domicílios passaram a usufruir desse bem, um aumento de 17,26%. No geral, 98,2% das casas do país têm fogão, 92,1% dispõem de geladeira, 41,5% de máquina de lavar roupa, 82,1% têm telefone fixo e celular. Como não precisam mais estocar alimentos, devido ao controle da inflação, os brasileiros estão abrindo mão dos freezers. Só 16% dos imóveis ainda contam o bem. (VN)