Título: Senador e bicheiro não economizam com defesa
Autor: de Carvalho, Jailton
Fonte: O Globo, 06/05/2012, O País, p. 19

BRASÍLIA. De Pedro Collor a Roberto Jefferson, todas as CPIs importantes na História recente do país tiveram um grande acusador. Na CPI do Cachoeira, se depender da linha de defesa das renomadas bancas de advogados contratadas pelos clientes envolvidos no escândalo, a resposta será negativa. Os principais acusados, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, já montaram verdadeiros diques em torno deles mesmos. Os dois contrataram os advogados criminalistas mais caros do país e deixaram claro que não estão dispostos a falar.

Cachoeira, o mais abonado da organização, contratou o influente ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. No início do caso, surgiram rumores de que o rei da jogatina em Goiás desembolsaria a fortuna de R$ 15 milhões pelos serviços advocatícios do ex-ministro. Bastos nega que o cachê seja tão expressivo e diz, em tom de brincadeira, que se ganhasse tanto nem precisaria trabalhar mais. Mas antes de terminar a frase se corrige. Trabalha porque gosta do ofício e não por dinheiro.

Advogados especialistas em apontar falhas em inquéritos

Demóstenes, que declara um patrimônio inferior a R$ 1 milhão, também contratou um criminalista de peso: o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, sempre acionado pelos políticos envolvidos em escândalos de corrupção.

Do DEM ao PT, oito entre dez políticos em apuros em Brasília, não importa o quadrante ideológico, têm recorrido ao advogado nos últimos anos. Bastos e Kakay têm uma especialidade em comum: apontar falhas formais em inquéritos, denúncias ou processos judiciais, não importa a gravidade das acusações contra os clientes.