Título: Uma sala de reclamações
Autor: Lima Maria; Celso Paulo
Fonte: O Globo, 08/05/2012, O País, p. 3

BRASÍLIA. A sala-cofre da CPI mista do caso Cachoeira foi aberta ontem pela primeira vez para consulta. Mas o que saiu de lá foram reclamações. Parlamentares que tiveram acesso à sala não gostaram nada do excesso de vigilância e da falta de dados. Para eles, nem todas as informações sobre o inquérito contra o bicheiro Carlos Cachoeira estão disponíveis. Falta, por exemplo, a íntegra de toda a operação deflagrada pela Polícia Federal.

Mas a principal queixa dos deputados e dos senadores refere-se ao "Big Brother" montado no cofre. Eles são obrigados a deixar celular e outros objetos na entrada. Além disso, são monitorados por câmeras e não podem contar com assessores técnicos para auxiliá-los.

Parlamentares dos mais diversos partidos prometem levar hoje à reunião da CPI um pedido para que o presidente da CPMI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), reveja as restrições impostas. Se elas não mudarem, o caso deve terminar no Supremo Tribunal Federal.

- É um mico ir à sala da CPI nessas condições. É ridículo. Estão limitando nossa função constitucional. Vamos apresentar uma questão de ordem para mudarem as regras e, se ela não for acatada, iremos até o Supremo - avisou Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) quer ir ao Supremo com o presidente e o relator da CPI para pedir o fim do sigilo dos dados das operações Monte Carlo e Vegas.

- Quero pedir o fim do sigilo do que já é notoriamente público. Os documentos estão na internet - disse Sampaio.

A deputada federal Íris de Araújo (PMDB-GO), que foi a primeira a chegar à sala onde estão guardados os dados da Operação Vegas, declarou que irá apresentar um requerimento a Vital do Rêgo para que ele permita o acesso de algum assessor credenciado pelos parlamentares. Ela argumentou que os integrantes da CPMI têm outras atividades e não podem se dedicar apenas à leitura e à análise de documentos. Ela chegou ontem às 7h45m e foi atendida a partir das 9h. Ficou três horas olhando o material.

- Vamos pedir para o presidente da CPMI requisitar ao juiz da 11 Vara de Goiânia o envio de toda a documentação - disse a deputada goiana.

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