Título: Dilma tranquiliza poupadores e reforça que alteração não é confisco
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 08/05/2012, Economia, p. 20

BRASÍLIA. Preocupada com a repercussão da mudança nos rendimentos da poupança, a presidente aproveitou seu primeiro programa semanal de rádio após o anúncio das alterações na caderneta para passar um recado aos poupadores, especialmente os pequenos, garantindo que eles não serão prejudicados. A presidente disse que o governo tem a obrigação de proteger a poupança e que a decisão de mudar o rendimento desse tipo de aplicação foi tomada para torná-la mais rentável e evitar que vire alvo de especuladores. Dilma destacou que a aplicação continua sendo segura, que ela própria tem dinheiro na poupança e que deixará o investimento lá quietinho.

- A poupança continua sendo um investimento excelente, rentável e com a mesma segurança de sempre. Continua e continuará como o melhor tipo de investimento para a maioria dos brasileiros. Eu mesma tenho o meu dinheiro na poupança, e ele vai ficar lá -garantiu a presidente.

A mudança foi feita por meio de uma medida provisória (MP) que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso. O rendimento para novos depósitos passa a ser calculado a partir de 70% da Selic mais a TR se a taxa básica cair para 8,5% ao ano ou menos.

No programa "Café com a Presidenta", Dilma explicou que só será afetado pelas mudanças quem abriu uma caderneta a partir do dia 3 de maio ou fez novos depósitos a partir dessa data. Segundo a presidente, quem aplicou na poupança será recompensado. O governo justificou a medida como parte de uma ampla estratégia de redução dos juros para os consumidores.

- Nós fizemos uma mudança simples, justa e correta, capaz, ao mesmo tempo, de proteger o pequeno poupador e de permitir que as taxas de juros continuem caindo. Quem sempre acreditou e apostou na caderneta durante todo esse tempo será recompensado - disse Dilma.

Ela fez mais uma ressalva sobre a decisão de mexer justamente no investimento que mais gerou traumas na população, desde que o então presidente Fernando Collor de Mello sequestrou a poupança dos brasileiros. Segundo Dilma, a medida de seu governo em nada se assemelha à tomada por Collor:

- O rendimento dos depósitos antigos das 100 milhões de cadernetas de poupança que o país tem hoje não sofrerá qualquer mudança. Eu quero destacar três regras importantes que continuam valendo para todas as poupanças, velhas ou novas: a primeira, não há cobrança de Imposto de Renda; a segunda, a rentabilidade é segura; e a terceira, o poupador pode sacar o seu dinheiro a qualquer momento.

Durante a campanha presidencial, em 2010, Dilma foi criticada pela oposição após ter informado, em sua declaração de bens à Justiça Eleitoral, ter R$ 47 mil aplicados na poupança e outros R$ 113 mil guardados em espécie.

PT pode ficar com a relatoria da MP

O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), indicou o deputado Henrique Fontana (PT-RS) para relator da MP 567, que muda as regras de correção da poupança. Tatto explicou que, pelo rodízio entre PT e PMDB para a distribuição das relatorias de MPs, é a vez de os petistas assumirem a função. Fontana foi líder do governo na Câmara durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva e conta com a confiança do Palácio do Planalto e da presidente Dilma.

A decisão final será tomada hoje, em reunião dos líderes dos partidos aliados. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), disse que ainda há dúvidas sobre o rodízio. Já o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que a intenção do governo é aprovar a MP até julho.

Colaborou Cristiane Jungblut

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 08/05/2012 04:01