Título: Alemanha avisa que não renegocia acordo
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Fonte: O Globo, 14/05/2012, Economia, p. 24

BERLIM e BRUXELAS. A Alemanha não irá renegociar o acordo fiscal da Europa sobre disciplina orçamentária e rejeita medidas para ampliar o crescimento que elevem os níveis de dívida, afirmou ontem o porta-voz da chanceler Angela Merkel, Steffen Seibert. O socialista François Hollande, que venceu a eleição presidencial francesa, já havia afirmado querer uma renegociação do pacto fiscal acordado por líderes europeus em março. Este prevê que o limite de 3% para o déficit orçamentário seja inscrito nas Constituições dos países da União Europeia (UE) e estabelece punição para aqueles que não cumprirem a regra.

Em seu primeiro discurso após a divulgação do resultado das eleições, Hollande disse ser favorável a uma "reorientação da Europa para o emprego e o futuro". Ele disse que sua vitória significava a esperança de que "a austeridade não seja mais uma fatalidade". O governo alemão, por sua vez, reforçou sua posição.

- Do nosso ponto de vista, uma nova negociação do pacto fiscal não é possível - disse o Seibert à imprensa, ressaltando, porém, que Merkel receberá Hollande "de braços abertos". - Não queremos crescimento através de novas dívidas. Em vez disso, queremos crescimento através de reformas estruturais.

UE terá novas regras para incentivar crescimento

Para o jornal alemão "Süddeustche Zeitung", de centro-esquerda, Hollande pode ser um aliado melhor para a Alemanha que Nicolas Sarkozy. "A nova dupla Merklande cobre tanto o lado conservador, pró-empresariado, quanto o lado social-democrático da Europa. Merkel está ganhando um aliado com quem ela pode atacar os desafios da Europa: a reestruturação fiscal e a criação de um modelo social que sobreviva no novo mundo".

Enquanto isso, os reguladores de concorrência da UE prometeram novas regras para facilitar aos governos o financiamento de ações para estimular o crescimento econômico. O anúncio deve ser feito hoje pelo comissário de Concorrência do bloco, Joaquin Almunia.

Segundo cópia do texto obtida pela agência de notícias Reuters, as novas regras visam a "ajudar os gastos públicos dos Estados-membros a ficarem mais eficientes, tendo como objetivo políticas de incentivo ao crescimento". Desde outubro de 2008, a Comissão permitiu que governos da UE injetassem 1,6 trilhão em bancos afetados pela crise.