Título: Senador faz defesa do jogo do bicho
Autor:
Fonte: O Globo, 09/05/2012, O País, p. 3

BRASÍLIA. O senador Mário Couto (PSDB-PA) roubou a cena ontem no Conselho de Ética. Enquanto a maioria dos senadores se manteve em silêncio, denotando o constrangimento em abrir processo contra o colega Demóstenes Torres (sem partido-GO), o tucano defendeu a legalização do jogo do bicho.

- É preciso que a nação saiba que este trabalho, ao se encerrar, possa também deixar uma reflexão, deixar algo em que a sociedade possa meditar. Por exemplo, jogo do bicho tem em todas as esquinas deste país, o senhor vê isso, senhor presidente? Vê isso nas esquinas? - indagou Couto.

Tentando levar na brincadeira, o presidente Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) retrucou:

- Eu só jogo na loteria. Também gosto da Mega-Sena.

Couto insistiu, para constrangimento dos colegas:

- Se isso é liberado, por que os outros jogos não são? Corrida de cavalo no Brasil é liberado. O Senado precisa fazer isso, abrir o debate. A quem compete fiscalizar a contravenção?

- Estranhamos, porque não cabia naquela hora esse tipo de colocação. Não entendi se ele quer a legalização ou se quer fechar os hipódromos - disse o também tucano Cyro Miranda (GO).

Ao fim da sessão, Couto foi explícito.

- Legaliza, põe um fundo pra futebol, para os pobres, para saúde. Cobra imposto dos caras, eles tão ficando ricos e não pagam um tostão para o Estado. Se for pegar o Brasil inteiro, quantos bilhões de reais circulam? Você faz uns 300 hospitais de grande porte a cada semestre. Essa é a moralidade que falta no nosso país. Nós somos uns falsos moralistas. Não é só o Demóstenes, não.

O senador disse ainda:

- Se o Demóstenes fosse só envolvido com o Cachoeira sem que tivesse recebido nada do Cachoeira, eu não ia penalizar o Demóstenes. Por ele ser amigo do bicheiro? O meu voto tá definido porque ele pegou dinheiro do bicheiro, se envolveu com a Delta, pegou dinheiro de tudo.