Título: Empresários argentinos criticam Brasil na Fiesp
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 09/05/2012, economia, p. 21
São Paulo. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Pau010 Skaf, mudou o tom das críticas e pôs panos quentes em relação às barreiras criadas pelo governo de Cristina Kirchner à importação de produtos brasileiros. Os empresários argentinos, por sua parte, atacaram a burocracia brasileira e acusaram empresas daqui de praticarem a chamada triangulação com mercadorias chinesas, estratégia para escapar de sobretaxas aplicadas pela Argentina. Esse foi o tom da rodada de negociações Brasil-Argentina, que reuniu ontem, na sede da Fiesp, pouco mais de 800 empresários - 580 só do lado argentino -, em busca de novos negócios e parcerias.
A delegação argentina, chefiada pelo secretário do Comércio Interior, Guillermo Moreno, autor de boa parte das medidas protecionistas para barrar produtos brasileiros, veio ao Brasil em três aviões fretados. A maioria dos empresários ostentava um broche com a sigla YPF, uma forma de demonstrar apoio à expropriação da empresa. Segundo um empresário que pediu para não ser identificado, foi mais uma imposição de Moreno.
Alheio à manifestação dos argentinos, Skaf disseque o caminho "natural" para superara; dificuldades na entrada de produtos no pais vizinho é aumentar o fluxo de comércio entre os dois países. Segundo ele, o Brasil tem . potencial para aumentar em cerca de US$ 6 bilhões as compras de mercadorias argentinas nos próximos dois ou três anos. Hoje, o país importa o equivalente a US$ 2 bilhões. A estimativa foi feita com base em uma pesquisa com 221 empresas brasileiras, envolvendo 38 produtos argentinos. Skaf defendeu ainda uma "agenda positiva" para estimular
O intercâmbio comercial.
- Temos de buscar equilíbrio.
Com o aumento do fluxo de comércio entre os dois países, algumas barreiras comerciais serão eliminadas naturalmente - disse o presidente da Fiesp, lembrando que as indústrias naval e de auto peças estão no foco dessa nova fase de entendimento.
Apesar do discurso de boa vizinhança, os argentinos criticaram a postura dos empresários brasileiros no comércio bilateral. Mario Eduardo Gil, da Litton, empresa do setor de autopeças, reclamou das dificuldades para vender seus produtos no Brasil e da burocracia para se estabelecer no país. Para ele, "o Brasil é mais fechado que a Argentina".
- Os brasileiros só querem exportar e desconhecem os produtos que a Argentina tem a oferecer - disse ele.
Objetivos
RAZÕES ESTRATÉGICAS
justificam cuidados ,do Brasil com a Argentina. Não interessa, e ao . próprio continente, que o país mergulhe numa
crise profunda.
- MAS É preciso cuidado na oferta de ajuda, pois o fechamento argentino, do qual as exportações brasileiras são vítimas, parece se sustentar num discurso nacionalista de fins políticos.