Título: Operação para aprovar nova poupança
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 09/05/2012, Economia, p. 22

BRASÍLIA — No esforço para aprovar até julho a medida provisória (MP) 567, que mudou as regras de rendimento da poupança, o governo articulou terça-feira a ida do ministro da Fazenda, Guido Mantega, à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para explicar as alterações. A CAE aprovou a visita de Mantega, que será, a princípio, no dia 15. O requerimento convidando o ministro foi uma iniciativa do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), em acordo com os demais líderes da base aliada.

O acerto foi feito pela manhã, durante café da manhã com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que disse que o governo deverá aprovar a MP ainda este semestre

O governo montou uma verdadeira tropa de choque na comissão mista que vai analisar a MP. Os líderes dos partidos na Câmara e no Senado, em especial PMDB e PT, participam da comissão. Mas há uma disputa interna para ver quem será o relator: o PT da Câmara indicou o deputado Henrique Fontana (PT-RS), mas o PMDB do Senado quer a vaga. A questão será definida hoje, segundo Eduardo Braga.

— Vamos votar a MP 567 no primeiro semestre, é importante — disse Ideli Salvatti, para quem a CPI Mista do Caso Cachoeira não está atrapalhando as votações importantes na Câmara e no Senado.

Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) surpreendeu os aliados ao marcar o depoimento de Mantega para o dia 15. O acordo era para apenas aprovar o convite, mas Suplicy, que presidiu a sessão da CAE ontem, em virtude da ausência do presidente, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse que o próprio Mantega demonstrou disposição de comparecer à comissão na próxima terça-feira.

— O convite foi aprovado, e estou convencendo o ministro a vir mesmo na terça-feira. Será para falar da poupança e de toda a política econômica — disse Eduardo Braga.

Em audiência na Câmara, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse que a mudança na poupança é um passo importante para a queda de juros. Ela ressaltou que a medida tem recebido o apoio de analistas e da maioria dos parlamentares.

Ao falar sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2013 (LDO) — em discussão no Congresso — a ministra disse que, no futuro, o governo terá de rever a previsão de 9% para a Taxa Selic em 2013. A adequação do parâmetro econômico deve ocorrer em agosto, quando o governo enviar a proposta de lei orçamentária.

Mantega também vai à Câmara explicar a medida aos deputados. A MP 567 prevê que a remuneração da poupança passará a ser de 70% da Selic mais Taxa Referencial (TR) toda vez que a taxa básica de juros ficar igual ou abaixo de 8,5%.

"País precisa enfrentar questão da poupança"

Ao rebater críticas do PSDB em relação à MP 567, a ministra do Planejamento disse que é preciso ter coragem para enfrentar a questão da poupança, dentro da política de queda de juros.

— Vamos caminhando para patamares internacionais de taxas de juros. A mudança na poupança, anunciada pela presidente Dilma, é um passo adicional nessa direção, capaz de nos levar a novos patamares. O país precisa enfrentar a questão da poupança. Já temos quase uma semana do anúncio, e a repercussão diz bem da justeza da sua adoção para o futuro do país — disse Miriam Belchior. — Os analistas continuam dizendo que a maneira com que foi feita a medida foi ponderada, cuidadosa e segura. Na hora em que caírem os juros, o pequeno poupador será beneficiado no outro lado, que é o crédito (mais barato).