Título: Miro pede à PGR para barrar a venda da Delta
Autor: Maltchik, Roberto; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 10/05/2012, O País, p. 11

BRASÍLIA. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), membro da CPMI que apura a atuação de Carlinhos Cachoeira e seu envolvimento com políticos e empresas, apresentou ontem à Procuradoria Geral da República (PGR) representação pedindo que a venda da Delta seja barrada. A proibição do negócio - ou a anulação - serviria para impedir que os ex-dirigentes da empresa não sejam punidos criminalmente, ou mesmo que os ex-executivos vendam bens comprados com dinheiro obtido ilegalmente.

No ofício de três páginas, Miro esclarece que a Delta depositou dinheiro em contas de empresas de fachada, que serviam à organização criminosa, conforme relatório da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, encaminhado ao Congresso Nacional. Também enumera manifestações de especialistas que destacaram o caráter político da troca do comando da Delta, a empresa que mais recebeu dinheiro do governo federal em 2011. Assim, argumenta o parlamentar, a operação de mercado põe em risco a punição dos ex-dirigentes que participaram de ações criminosas.

"(A venda) enseja a atuação de Vossa Excelência, tendo em vista os riscos que a operação representa para a efetividade da ação penal que se espera puna todos os responsáveis, sem descurar, obviamente, das medidas necessárias para evitarmos que acusados se desfaçam dos bens adquiridos com recursos provenientes de crime", diz a representação.

Miro Teixeira propõe à PGR que impeça a venda ou anule o negócio, se já estiver concretizado. Também sugere que a procuradoria faça um inventário de todos os bens da Delta e os declare indisponíveis "para viabilizar a recuperação de ativos para os respectivos entes da Federação por ela vitimados; mas, essencialmente, para evitar que bandidos encontrem no crime uma atividade lucrativa e vantajosa".

Ao menos R$ 39 milhões saíram dos cofres da Delta para empresas de fachada, de acordo com o relatório da Operação Monte Carlo. A investigação resultou na prisão do ex-diretor da empresa para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, além da ordem de prisão contra Heraldo Puccini Neto, diretor da Delta em São Paulo que está foragido. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que ainda não havia tomado conhecimento da representação, mas disse que vai examiná-la.