Título: Cinco horas para acusar
Autor: Brígido, Carolina; Barbosa,Givaldo
Fonte: O Globo, 10/05/2012, O País, p. 13

BRASÍLIA. Ainda não existe previsão de quando o processo do mensalão entrará na pauta do Supremo Tribunal Federal, mas os ministros já estão preocupados em organizar o julgamento do ano. Ontem, na discussão de uma questão de ordem apresentada pelo relator, ministro Joaquim Barbosa, a Corte decidiu que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, terá cinco horas para acusar os 38 réus. O tempo reservado ao chefe do Ministério Público não estava explícito na legislação.

Os advogados terão uma hora para defender cada réu. Proporcionalmente, o procurador-geral terá menos de oito minutos para atacar cada réu. Ele concordou com a sugestão de tempo do relator.

- O Ministério Público entende que o tempo de cinco horas estaria adequado. Evidentemente não será suficiente, mas é um tempo mínimo para que a acusação possa esboçar algo de forma satisfatória - afirmou Gurgel.

A maioria dos ministros concordou que a extensão do tempo destinado ao procurador-geral era necessária para garantir a "paridade de armas" no julgamento.

Só Marco Aurélio Mello discordou. Para ele, o mensalão é um processo como outro qualquer e não merecia discussão prévia. Para o ministro, se fosse respeitada a igualdade, deveriam ser dadas 38 horas para Gurgel atacar os réus.

Barbosa sugeriu, para agilizar o julgamento, ler uma versão reduzida do relatório. O documento, com 122 páginas, já foi disponibilizado aos demais ministros. O plenário concordou com a proposta - a exceção, novamente, foi Marco Aurélio.

- Para mim, é um processo como tantos outros. Não vejo excepcionalidade a ditar regras especiais.

Segundo o relator, o julgamento não ocorrerá em menos que três semanas. A primeira será dedicada às sustentações orais dos advogados, realizadas em 38 horas. A ação penal soma hoje 234 volumes e 495 apensos. Ao todo, são 50.199 páginas.