Título: Dilma cobra de bancos corte de juros
Autor: Neder, Vinicius; Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 01/05/2012, Economia, p. 17

Em pronunciamento pelo Dia do Trabalho, presidente diz que economia permite redução

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff usou o pronunciamento em homenagem ao Dia do Trabalho para cobrar do sistema financeiro nacional a redução das taxas de juros. Dilma disse que o Brasil tem hoje um dos mais sólidos e lucrativos sistemas financeiros e, portanto, não há justificativa para que, numa economia estável, o país tenha "um dos juros mais altos do mundo". Segundo a presidente, com a redução da Taxa Selic (hoje em 9% ao ano) o sistema financeiro não tem como explicar "a lógica perversa" de manter altos juros nos empréstimos, no cheque especial e nos cartões de crédito.

- Nosso sistema bancário é um dos mais sólidos do mundo, está entre os que mais lucraram. Isso tem dado (ao sistema) força e estabilidade, o que é bom para toda a economia, mas também permite que dê crédito melhor e mais barato aos brasileiros - disse a presidente. - É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo. Estes valores não podem continuar tão altos. O Brasil de hoje não justifica isso.

O pronunciamento, de sete minutos e 20 segundos, foi gravado no último sábado. A presidente abordou um tema cobrado com frequência pelas centrais sindicais em reuniões no Palácio do Planalto. Dilma disse que o governo está se esforçando para reduzir os juros. Segundo a presidente, a economia brasileira só será "plenamente competitiva", quando as taxas de juros para o produtor e o consumidor forem iguais às praticadas no mercado internacional. Só nessas condições, "os produtores vão poder produzir e vender melhor, e os consumidores vão poder comprar mais e pagar com mais tranquilidade".

- Os bancos não podem continuar cobrando os mesmo juros para empresas e para o consumidor, enquanto a taxa básica Selic cai, a economia mantém-se estável e a maioria esmagadora dos brasileiros honra, com presteza e honestidade, os seus compromissos. O setor financeiro, portanto, não tem como explicar essa lógica perversa aos brasileiros: a Selic baixa, a inflação permanece estável, mas os juros do cheque especial, das prestações ou do cartão de crédito, não diminuem - disse ela.

Dilma afirmou que o governo está empenhado em equilibrar a economia e permitir a queda dos juros:

- Vem daí também a posição firme do governo para que bancos e financeiras diminuam as taxas cobradas dos clientes nos empréstimos, nas compras a prazo e nos cartões de crédito.

Dilma volta a falar em

reduzir a carga tributária

A presidente disse ainda que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil estão dando "o bom exemplo e da saudável concorrência de mercado" e provando que é possível baixar os juros cobrados de seus clientes em empréstimos, cartões, cheque especial e crédito consignado. Para ela, é importante que os bancos privados acompanhem essa iniciativa para que "o Brasil tenha uma economia mais saudável e mais moderna". Também convocou o consumidor a colaborar nesse processo.

- É bom também que você consumidor faça prevalecer seus direitos, escolhendo as empresas que lhe ofereçam melhores condições - disse.

Para o fortalecimento da economia nacional, segundo Dilma, também é preciso reduzir a carga fiscal para produtores e consumidores, além de adequar a taxa de câmbio para garantir competitividade à indústria e à agricultura. Reconheceu ainda que o governo tem de usar bem os recursos dos impostos pagos pela população.

- É importante que tenhamos uma taxa de câmbio que defenda nossa indústria e nossa agricultura.

Por fim, a presidente prometeu cuidar da aplicação do dinheiro público e punir os responsáveis por irregularidades.