Título: FGTS-Petrobras tomba 9,2% em abril
Autor: Neder, Vinicius; Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 01/05/2012, Economia, p. 17

Fundos de ações foram as piores aplicações e os cambiais, as melhores

Os preocupantes sinais da crise europeia e a desaceleração da economia chinesa empurraram a Bovespa, em abril, para seu pior desempenho mensal desde setembro de 2011. O Ibovespa, índice de referência do mercado, caiu 4,17% no mês e arrastou os fundos de ações para um tombo de 4,19%. E os trabalhadores que destinaram parte dos recursos do FGTS para as ações da Petrobras foram os que mais sofreram: suas aplicações encolheram 9,19% no mês, o pior desempenho em abril, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Já os fundos cambiais foram o melhor investimento do mês.

Segundo especialistas, o desempenho das ações da Petrobras pode ser explicado pela queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional - recuou 10,84%, para US$ 104,86 em Nova York, a primeira baixa mensal no ano - e a decepção de investidores com a demora da companhia para elevar os preços dos combustíveis.

- A Petrobras subiu muito no começo do ano, com a volta de investidores estrangeiros e a mudança de diretoria. Já perdeu tudo - diz Erick Scott, da SLW Corretora.

O mês foi marcado pelo aprofundamento da recessão da Itália e a confirmação de retração na Espanha. Da França, vieram incertezas em relação à sucessão presidencial. Já a China registrou, no primeiro trimestre, o menor crescimento em quase três anos.

Entre as exceções do mês, as ações da Vale se saíram bem, fazendo dos fundos mútuos de privatização FGTS-Vale a segunda melhor aplicação de abril (0,98%), empatados com os multimercados.

- A Vale está 18% mais barata do que outras empresas do setor. E isso representa algo como R$ 40 bilhões no valor de mercado dela. Os investidores estão percebendo isso - explica Hersz Ferman, da Yield Capital.

Entre os investimentos mais conservadores, os fundos de renda fixa (prefixados) renderam 0,87% e os DI (pós-fixados) ganharam 0,63%. A poupança rendeu um pouco menos, 0,52%. Com a tendência de queda na Selic (9% ao ano), o natural é que rendam cada vez menos.

Para o administrador de investimentos Fábio Colombo, o investidor não tem muito o que fazer, além de procurar os fundos com a menor taxa de administração para investimentos conservadores. Quem aceitar mais risco, pode aproveitar a queda da Bolsa para comprar ações.

Com a alta de 4,44% do dólar em abril, levando a cotação ao maior nível desde julho de 2007, os fundos cambiais foram o melhor investimento (3,23%). Embora sejam arriscados e pouco usados por pequenos investidores, podem servir como um "seguro". Como a tendência é de alta do dólar quando a Bolsa cai, o investidor se protege. O total dos investimentos nos fundos cambiais deve ficar entre 10% e 15%.