Título: Não há proteções pessoais. Culpado vai pagar
Autor:
Fonte: O Globo, 13/05/2012, O País, p. 13

Em seu décimo mandato, deputado volta aos holofotes com a CPI do Cachoeira e defende ação do procurador-geral

O GLOBO: O senhor chegou aqui (no Congresso) em 1971. Ulysses Guimarães falava que o próximo Congresso seria sempre pior. Qual sua percepção?

MIRO:

Doutor Ulysses tinha bom humor e fez uma boa piada. Isso serve para valorizar os bons momentos de cada legislatura. Não existe uma igual à outra.

O senhor participou de duas grandes CPIs (Collor e Anões do Orçamento). Vislumbra diferença entre aquelas e a atual?

MIRO:

Logo de início, porque as CPIs, quando encontram indício de crime, remetem suas conclusões para o Ministério Público. Nós já começamos essa CPI com a requisição de inquérito criminal pelo Ministério Público contra o senador Demóstenes Torres e três ou quatro deputados, com processos iniciados e milhares de horas de gravação feitas. Você tem um material que está ensejando a percepção de que os três Poderes da República podem trabalhar em estreita colaboração para impedir a impunidade. Tem várias forças atuando, inclusive líderes partidários que não integram a CPI.

Pode haver um entendimento em relação aos governadores?

MIRO:

Não. Não pode haver saída do princípio da impessoalidade da vida pública. Simplificando, é o seguinte: não há proteções pessoais. Quem for culpado vai pagar. Quem for inocente, não vai ser perseguido. É isso.

Na sua opinião, o que o procurador-geral fez?

MIRO:

Você tem uma investigação com muita gente. Aí no meio tem cinco pessoas com foro especial no Supremo. Ele recebe aquilo e lê. Só que não tinha entrado o Clube do Nextel. Quando é deferida a retomada das gravações, aí já no ar o Clube Nextel da Rua 46 de Nova York, começa a entrar gravação "pra cacete" do Cachoeira com o Demóstenes. Em vez de ficar procurando falha, que não existe, e tentar inventar omissão, que não existe, é melhor entendermos que só chegamos a este ponto graças ao magnífico funcionamento da Procuradoria da República e da Polícia Federal.