Título: Escuta flagra contratação de pistoleiros
Autor:
Fonte: O Globo, 13/05/2012, O País, p. 11

Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Monte Carlo, com autorização judicial, flagraram conversas de integrantes do grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira discutindo a contratação de pistoleiros.

Os diálogos foram captados em 6 de abril e em 25 de junho de 2011, e envolvem dois homens conhecidos apenas como Jefferson e Marco. A informação foi divulgada ontem pelo jornal "Correio Braziliense".

De acordo com a reportagem, Jefferson entra em contato com o comparsa e dá a entender que é para Marco contratar pistoleiros para matar alguém. Em troca da indicação, ele ganharia R$ 1 mil. Marco fica em dúvida se é para intimidar ou matar. E Jefferson responde que "não é para arrochar; é para tomar bênção lá em cima".

Sem especificar quem é o mandante, Jefferson diz que "o cara requer dois caras bons, de profissão", e avisa que, para isso, está recorrendo ao amigo.

- Eu falei

pra

ele que tenho uma indicação sua. Você leva R$ 1 mil - afirma Jefferson.

- O que o cara quer? É para arrochar quem? - pergunta Marco.

- Não é para arrochar, é para tomar bênção lá em cima - explica o outro.

-

ligado.

- Então você indica duas pessoas

pra

mim,

pra

poder trabalhar,

pra

poder o pessoal subir lá

pra

cima.

-

ligado.

Jefferson avisa então que ligaria no dia seguinte para poder falar diretamente com os contratados e reforça que Marco será pago pela intermediação:

- Você vai passar, vai levar R$ 1 mil só

pra

indicar duas pessoas.

Outro diálogo interceptado pela Polícia Federal entre dois outros interlocutores do grupo de Cachoeira demonstra que um deles está com um problema para resolver e, para tanto, pede a indicação de um policial militar ou civil para resolver "o negócio". O outro interlocutor questiona se o assunto é ligado a caça-níqueis, e a resposta é negativa:

- É outro trem aí... tem um vagabundo dando trabalho aí - diz.

Segundo o "Correio Braziliense", o perfil violento de parte da quadrilha teria sido relatado pelo delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Souza em seu depoimento aos integrantes da CPI mista do caso Cachoeira, na última terça-feira. Numa das conversas gravadas com autorização judicial, teria relatado o delegado, integrantes da quadrilha discutiam o sequestro de um operador de máquina de bingo que não estava atuando como o grupo queria.