Título: Tombini, do BC, diz que a meta deve ser flexível
Autor: Beck, Martha; Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 11/05/2012, Economia, p. 33

presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse ontem, em seminário no Rio, que o regime de metas de inflação é o mais adequado para a condução de política monetária e lembrou que trata-se de "um arcabouço que combina um compromisso claro com a estabilidade de preços, mas com flexibilidade suficiente para absorver choques econômicos". O discurso pode ser entendido como um sinal de que, em algum momento, o Banco Central pode não mirar apenas o centro da meta, de 4,5% e "aceitar" um custo de vida um pouco maior, acomodado dentro da margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

O presidente do BC reconheceu que a inflação ficou acima das projeções em abril, mas que a tendência é de queda nos próximos três meses. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) triplicou em abril, para 0,64%:

- Esse é um processo de convergência e vamos ficar de olho nisso nos próximos meses.

Durante XIV Seminário de Metas de Inflação, Tombini também disse que a concessão de crédito no Brasil tem avançado mais lentamente do que o esperado. O BC projeta crescimento de 15% neste ano. O presidente do BC negou ainda que haja estudos sobre redução do compulsório.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem, em Brasília, que o governo vai continuar tomando medidas para estimular a atividade este ano. Mas evitou falar em ações específicas, ao ser perguntado sobre a possibilidade de a equipe econômica baixar o compulsório (parte dos depósitos bancários mantidos no Banco Central), para incentivar a concessão de empréstimos mais baratos ou reduzir o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre operações de crédito.

- Não vou falar em medidas específicas. Várias delas podem ser tomadas.

(Bruno Villas Bôas e Martha Beck)