Título: Bolsa espera nova onda de ofertas iniciais de ações de empresas
Autor: Scrivano, Roberta
Fonte: O Globo, 12/05/2012, Economia, p. 32

O movimento de queda dos juros combinado com a retomada das ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) a partir da operação da Locamerica, no dia 23 de abril, seguida pela bilionária emissão do BTG Pactual, três dias depois, devem favorecer o mercado de ações com a estreia de novas empresas na Bolsa este ano. Não há, porém, garantia de que essa nova onda de operações de abertura de capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) se dê na intensidade de anos anteriores.

- A janela está aberta e há uma série de empresas depositadas na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), então o volume de novos IPOs deve ser bom. Mas não dá para afirmar que é a cura da ressaca - disse ontem o diretor-presidente da BM&F Bovespa, Edemir Pinto, referindo-se à paralisação de quase um ano de novas ofertas na Bolsa.

Antes da Locamerica, em abril, a última oferta pública na Bovespa havia acontecido em julho de 2011, com o lançamento das ações da Abril Educação. Neste ano, já foram realizados cinco lançamentos, entre ofertas iniciais e secundárias - além da Locamerica e do BTG, Qualicorp, Fibria e Unicasa - , que captaram R$ 6 bilhões, sendo R$ 3,24 bilhões apenas do BTG. Todas essas operações ocorreram no mês passado.

Redução de juros atraiu novos investidores

O diretor-presidente da BM&F Bovespa disse ainda que a expectativa da Bolsa para o ano é "muito positiva", sobretudo porque o movimento de redução nas taxas de juros e as alterações das regras da caderneta de poupança "reforçam o processo" de atrair novos interessados ao mercado acionário.

O quadro de juro mais baixo também vem para reforçar esse otimismo e deixar o investimento em ações mais atraente, segundo ele. Os menores patamares de ganho da renda fixa, que ocorrerão daqui em diante justamente por causa da Selic menor, farão com que os investidores busquem outras alternativas de aplicação, disse durante o bate-papo com jornalistas.

- Com essa retomada, no último mês aumentamos em 6 mil o número de CPFs cadastrados - informou Edemir.

A BM&F Bovespa fechou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 409,2 milhões, 6,5% maior que os R$ 384 milhões do mesmo período de 2011. A média diária de volume de negócios de ações no primeiro trimestre foi de R$ 7,2 bilhões, volume 3,6% maior que o registrado entre janeiro e março do ano passado.