Título: Grécia tem 48 horas para formar um novo governo
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Fonte: O Globo, 15/05/2012, O Mundo, p. 27

Com uma nova reunião marcada para hoje e uma proposta do presidente Karolos Papoulias de instalar um governo tecnocrata, representantes dos principais partidos gregos ganharam ontem algumas horas de sobrevida em sua luta contra o relógio para tentar encerrar um impasse que já dura uma semana, livrar o país de um vazio de poder e evitar, em até dois dias, a convocação de novas eleições.

A nova reunião terá todos os partidos representados no novo Parlamento, com exceção do neonazista Aurora Dourada. No encontro de ontem, sem a presença da Coalizão de Esquerda Radical (Syriza), segundo mais votado nas eleições do último dia 6, Papoulias foi incapaz de alcançar um consenso. Por cerca de uma hora, o máximo que conseguiu foi sugerir um governo tecnocrata, formado por personalidades alheias à política e que tenham amplo apoio legislativo.

A proposta não deve ir adiante. Teve a promessa do conservador Nova Democracia de que será discutida, e o apoio do líder do socialista Pasok, Evangelos Venizelos, que, porém, disse estar pouco otimista. A ideia foi rejeitada ainda pela Esquerda Democrática e pelo Syriza, ambos contrários às medidas de austeridade da zona do euro.

- Participaremos da reunião (de hoje) com o presidente, mas mantemos nossa posição. Não estamos de acordo com qualquer política de resgate financeiro, mesmo que implementadas por personalidades não políticas - torpedeou Panos Skourletis, porta-voz do Syriza.

No momento, a chave para a saída do impasse está com a Esquerda Democrática. O partido tem votos suficientes para montar com o Nova Democracia e o Pasok - primeiro e terceiro mais votados - uma coalizão de maioria absoluta, mas sua insistência de só ceder caso o Syriza entre num futuro governo emperra as negociações.

- Um governo sem o segundo partido mais votado não terá o apoio popular e legislativo necessário - alegou Fotis Kuvelis, líder da Esquerda Democrática.

Enquanto as negociações se arrastam, os gregos dão sinais claros de cansaço e, ao mesmo tempo, de temor de uma eventual saída da zona do euro. Uma pesquisa divulgada ontem mostrou que 72% querem uma solução "a qualquer preço" para o vazio de poder, e que apenas 13% defendem a volta do dracma, a antiga moeda grega.

Os gregos têm 48 horas para sair do impasse. Na quinta-feira, o novo Parlamento toma posse e, sem go