Título: Brasil e Espanha negociam acordo
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 17/05/2012, O País, p. 14

Brasil e Espanha assumiram o compromisso de eliminar as travas no fluxo migratório de cidadãos brasileiros e espanhóis que ingressarem nos dois países. O anúncio foi feito ontem, no Itamaraty, após uma reunião de trabalho entre o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e seu colega espanhol, José Manuel García-Margallo.

Eles informaram que instruíram seus assessores a buscarem soluções para os problemas o mais rápido possível. A redução do nível de exigências dos visitantes também é outra determinação.

- Não é uma promessa, é um compromisso - disse García-Margallo.

Patriota confirmou a decisão, e disse que está prevista uma reunião no próximo dia 4 de junho, em Madri, para uma avaliação dos acordos bilaterais em vigor, mas deixou claro o desconforto do governo brasileiro com o tratamento dado pela Espanha aos visitantes provenientes do Brasil.

- Reconhecemos a realidade, mas brasileiros que viajam para outros países não encontram as dificuldades que encontram na Espanha. Queremos simplesmente que o mesmo tratamento se aplique, que é o correto e respeitoso - disse.

Preocupado com as notícias de que brasileiros estariam sendo humilhados por funcionários do setor de imigração da Espanha, o governo brasileiro decidiu usar o princípio da reciprocidade. Desde 2 de abril, os espanhóis estão submetidos a sérias exigências ao entrar no Brasil, as mesmas aplicadas na recepção de brasileiros.

Entre as condições para a liberação do ingresso estão documento de reserva do hotel, passaporte válido por, no mínimo, seis meses, e comprovantes de passagens de ida e volta, com data marcada. Além disso, o visitante precisa comprovar que tem condições financeiras para arcar com até R$ 170 de despesas, por dia.

O chanceler espanhol disse que seu país, segundo maior investidor no mercado brasileiro, quer estreitar ainda mais as relações. Ele espera que a União Europeia e o Mercosul voltem a negociar um acordo de livre comércio. A expectativa inclui a Argentina, que no mês passado estatizou a parte da espanhola Repsol na petrolífera YPF.