Título: FMI: é preciso se preparar para Grécia deixar euro
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Fonte: O Globo, 16/05/2012, Economia, p. 23

Merkel e Hollande defendem que país permaneça na união monetária. Economia do bloco fica estagnada no 1 trimestre

ABALO NOS MERCADOS

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou ontem que é importante estar tecnicamente preparado para a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro, alertando que essa saída geraria "muita bagunça". A Grécia, depois de não conseguir formar um governo de coalizão, decidiu convocar novas eleições, para 17 de junho. Perguntada, durante entrevista ao canal de TV France 24, se a Grécia poderia deixar a zona do euro, Lagarde respondeu:

- Nós certamente não esperamos, pelo ponto de vista do FMI... Mas temos de estar tecnicamente preparados para tudo - afirmou.

Lagarde disse ainda que o Banco Central Europeu (BCE) tinha margem de manobra sobre taxas de juros e que poderia usá-la. Antes da reunião do novo presidente da França, François Hollande, com a chanceler alemã, Angela Merkel, ontem - na qual a Grécia acabou dominando as discussões -, a diretora-gerente do FMI expressou confiança de que os dois países chegarão a um acordo.

- Austeridade e crescimento não são mutuamente exclusivos e eles precisam ser desenvolvidos em conjunto - disse Lagarde.

Em Berlim, Hollande e Merkel concordaram em que a Grécia deve permanecer na zona do euro e prometeram ajudar o país para que este retome o caminho do crescimento.

- Estamos conscientes das responsabilidades de nossos dois países - disse Merkel. - Movidos por esse espírito, vamos encontrar soluções.

Já o ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, mostrou preocupação com as novas eleições gregas, que considerou um referendo para permanecer ou não na zona do euro. Ele disse que quem sair vencedor terá de respeitar os termos do acordo de resgate fechado com a União Europeia (UE) e o FMI:

- Se a Grécia quiser ficar no euro, terá de aceitar as condições. Senão não será possível.

Alemanha cresce 0,5% e evita recessão no bloco

Mas um dos principais representantes dos credores da Grécia defende a permanência do país na zona do euro. Charles Dallara, diretor-gerente do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), afirmou, em entrevista à televisão britânica, que a saída da Grécia do euro não é inevitável.

A economia grega sofreu um tombo de 6,2% no primeiro trimestre. A zona do euro como um todo, no entanto, evitou a recessão, graças ao desempenho do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) alemão. A Eurostat, agência de estatísticas da UE, informou ontem que o PIB da zona do euro ficou estagnado no primeiro trimestre. Economistas esperavam retração de 0,2%, depois da queda de 0,3% no quarto trimestre de 2011.

Mas a expansão de 0,5% da Alemanha, maior economia da Europa, salvou o bloco da recessão. Já a França ficou estagnada, e a Itália sofreu retração de 0,8%, e a Espanha, de 0,3%.