Título: Crise europeia faz Bovespa cair 3,3% no 8 dia consecutivo de queda
Autor: Sorima Neto, João
Fonte: O Globo, 18/05/2012, Economia, p. 28

Sequência negativa é a maior desde 2001. Dólar fecha cotado a R$ 2,006

ABALO NOS MERCADOS

SÃO PAULO. Recessão na Espanha, rebaixamento da nota da Grécia e dados mais fracos de recuperação nos EUA determinaram mais um dia de pânico nos mercados mundiais, com quedas nas bolsas e valorização do dólar. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), teve perda acelerada no fim do pregão e fechou ontem em baixa de 3,31%, aos 54.038 pontos. Foi a oitava queda consecutiva do índice, que teve o menor nível desde 20 de outubro de 2011, quando alcançou 54.009 pontos. Somente de 30 de agosto a 11 de setembro de 2001, o Ibovespa registrou tamanha sequência de baixas.

Segundo operadores, o movimento de venda de ações no fim do dia cresceu por ordens de stop loss (ordens programadas de venda para limitar perdas) diante das desvalorizações seguidas. O índice acumula queda de 9,1% na semana; 12,6% no mês e 4,8% no ano.

As ações de maior peso no Ibovespa tiveram quedas expressivas: Vale PNA caiu 3,65%, Petrobras PN recuou 4,45%, OGX Petróleo, 5,59% e Itaú Unibanco, 2,73%. O papel ON da construtora PDG Realty perdeu 6,576%. Fecharam em alta apenas CCR ON, e MRV Engenharia.

Na Europa, as Bolsas caíram pelo quinto dia consecutivo, com temores sobre o contágio da crise grega. O índice Ibex, da Bolsa de Madri, perdeu 1,11%; o Dax, de Frankfurt, 1,18%; o Cac, de Paris, 1,20%; e o FTSE, de Londres, 1,24%.

Nos Estados Unidos, os índices acionários até abriram em alta, mas fecharam em queda. Dow Jones caiu 1,24%, S&P 500, 1,51%, e Nasdaq, 2,1%.

No Brasil, o dólar comercial fechou em alta de 0,19%, a R$ 2,004 na compra e R$ 2,006 na venda. É a maior cotação desde 8 de julho de 2009. Na semana, a moeda acumulou alta de 2,56%; no ano, de 7,3%. O dólar turismo subiu 0,47%, cotado a R$ 1,91 na compra e R$ 2,12 na venda. Já o euro caiu 0,16% frente ao dólar, cotado a US$ 1,27. Ante o real, o euro foi negociado a R$ 2,53. Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 2,008 e, na mínima, a R$ 1,999.

- Os bancos têm posições compradas em dólar no mercado à vista de cerca de US$ 5,3 bilhões, segundo o Banco Central. Isso mostra que há liquidez no mercado e que a alta pode ir além deste patamar - diz Sidnei Nehme, da corretora NGO, especializada em câmbio.

Com o câmbio a R$ 2, aparecem as primeiras manifestações contra a política cambial. A Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP) pediu a revogação das medidas anunciadas nos últimos meses pelo governo, que buscavam evitar valorização maior do real. Para a entidade, "o momento agora é outro".

"Para o bem do ambiente brasileiro de negócios e a continuidade dos intercâmbios comericais, a Fecomérico-SP entende que o "arsenal" de medidas do governo para conter o câmbio deve ser desmobilizado", diz a entidade em nota. (Colaborou Aguinaldo Novo)