Título: Empresa reconhece que há doentes após 1980
Autor: Rodrigues, Lino; Fariello, Danilo
Fonte: O Globo, 21/05/2012, Economia, p. 15

Há trabalhadores doentes a partir de 1980, mesmo com a adoção de medidas de segurança dentro das fábricas a partir desta época que impediriam a inalação de amianto. Esse reconhecimento é feito pela própria Eternit. A empresa, porém, em sua defesa pela fibra, afirma categoricamente que não houve adoecimento após aquele ano:

- Não há casos depois de 1980. Se dizem que ainda há risco, me mostrem os casos - diz Élio Martins, presidente da Eternit.

Mas foram 15 as comunicações de acidente de trabalho emitidas (CATs) pela companhia com reconhecimento da doença ocupacional de 15 ex-funcionários que começaram a trabalhar na fábrica de 1980 a 1990. As comunicações foram enviadas ao Ministério Público do Trabalho, por força de um termo de ajustamento de conduta. Nas doenças, placas pleurais e câncer de pulmão.

Os trabalhadores assinaram acordo com a empresa, que afirmou oferecer plano de saúde vitalício a esses operários. Um deles recebeu R$ 15 mil por ter placa pleural, prova da exposição ao amianto. E avisado que pode receber mais se a doença avançar. Foi admitido em 1980.

Da lista, a Eternit afirma que "oito ex-colaboradores integram o grupo de risco, em face de terem sido admitidos exatamente no ano de 1980." E acrescenta que "não houve a confirmação de doença, sendo certo que as CATs foram emitidas devido a suspeitas e não a fatos confirmados, uma vez que a confirmação da doença se dá por meio de exame de material obtido através de biópsia".

Segundo o pneumologista Eduardo Algranti, chefe do Serviço de Medicina da Fundacentro, a tomografia é "um exame altamente sensível para a identificação de placas":

- Ninguém aqui ou no exterior solicita biópsia para confirmar placas pleurais.