Título: Tombini aceleração da economia no 2 semestre
Autor: Scrivano, Roberta
Fonte: O Globo, 22/05/2012, Economia, p. 23

SÃO PAULO. No mesmo dia em que o boletim Focus mostrou nova redução nas projeções do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 3,20% para 3,09% neste ano, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou, ontem, que a atividade econômica vai se acelerar ao longo deste ano e garantiu que os "patamares elevados de inflação já ficaram para trás". Sobre a valorização do câmbio, Tombini disse que o Banco Central poderá atuar para pôr as cotações na "normalidade", caso haja necessidade. Para ele, no entanto, a atual depreciação do real é, na verdade, um movimento global de valorização da moeda americana. Esse movimento precisa se estabilizar para, depois, haver alguma atuação do BC no câmbio, disse Tombini.

O presidente do Banco Central disse ainda que o país apresenta hoje "solidez econômica" e que tem dois importantes "colchões de liquidez": as reservas internacionais, hoje em US$ 374 bilhões, e os depósitos compulsórios, que somam R$ 400 bilhões. Ele também destacou a redução da dívida pública, a geração de emprego, os investimentos estrangeiros no Brasil, além da redução de impostos para aquecer a indústria e da taxa básica de juro (Selic) para incentivar a economia.

- Esse cenário vai proporcionar uma retomada mais consistente da economia a partir do segundo semestre. E, em 2013, a economia brasileira crescerá mais que em 2012 - comentou Tombini, durante palestra a empresários.

Mesmo com esse aquecimento, não há para o BC chances de a inflação ficar fora da meta neste ano. De acordo com Tombini, a "inflação deve ser menor nos próximos meses do que a registrada em abril".

Quando perguntado sobre a depreciação do real frente ao dólar, Tombini reiterou que o "Banco Central tem instrumentos para que o mercado de câmbio funcione sem disfuncionalidades". E complementou acrescentando que, se houver alguma anomalia, "entramos para corrigir". Ele evitou, porém, de dizer qual é a taxa de equilíbrio para a cotação do dólar.

Tombini também falou sobre crédito. Para o presidente do BC, a concessão de empréstimos continuará crescendo no país, sobretudo por conta das reduções da Selic, que devem deixar a modalidade cada vez mais barata para o tomador de empréstimos.

- A concessão de crédito vai aumentar. As taxas de juros têm caído, o que reflete a redução da Selic. E vamos acompanhar o processo de redução dos spreads. As perspectivas são boas - concluiu o presidente do Banco Central.