Título: Governo ameaça empresas siderúrgicas
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Fonte: Correio Braziliense, 22/09/2009, Economia, p. 16

Mantega admite possibilidade de reduzir ou mesmo zerar as alíquotas de importação de aço como estratégia para conter reajustes do produto no país

O governo acenou com a possibilidade de reduzir ou até zerar as alíquotas de importação de aço para conter aumentos do produto no país e a CSN alertou que a medida poderia ameaçar investimentos no setor. ¿O objetivo é fomentar a concorrência e impedir que o aço suba¿, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O ministro admitiu que a alíquota pode até ser zerada ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas. Em meados deste ano, o Brasil voltou a tributar o aço importado em até 14%, em meio às reivindicações de siderúrgicas nacionais que ganharam força com o agravamento da crise econômica global. O governo havia zerado as alíquotas de importação de uma série de tipos de aço em 2005, em um momento de consumo e preços dos produtos siderúrgicos em alta.

Com a desaceleração da economia global no fim de 2008, a demanda por aço caiu em todo o mundo. Mas o aquecimento da atividade nos últimos meses tem reaquecido a demanda por produtos siderúrgicos, levantando receio pelas indústrias consumidoras de reajuste de preços. A CSN informou que está promovendo reajuste do aço de 10% para a cadeia distribuidora no país, mas o presidente-executivo da siderúrgica, Benjamin Steinbruch, garantiu manutenção dos preços para os clientes industriais até o fimdo ano. ¿Estamos fazendo uma correção na distribuição única e exclusivamente. Os preços de clientes industriais estão fechados até dezembro¿, disse Steinbruch. ¿Com relação ao aumento, o que eu tinha falado para o ministro Mantega é para ele ficar tranquilo, porque não existe possibilidade de reajuste de preço para a indústria até o final do ano¿, ponderou o executivo.

Procurada, a Gerdau informou, por meio da assessoria de imprensa, que ¿não houve e não há nenhuma previsão de aumento¿ de preços em suas linhas de aços longos comuns e aços longos especiais para o mercado interno até o fimdo ano. A empresa ressaltou, ainda, que reduziu o preço do vergalhão em mais de 15% neste ano e em mais de 20% no caso de itens como treliças e telas para concreto. Na semana passada, a Gerdau já tinha informado às construtoras não haver previsão de reajuste dos preços em 2009, em carta encaminhada ao Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (SindusCon-SP). Steinbruch, da CSN, disse também que a eventual mudança da alíquota sobre o aço importado atrapalharia planos de investimento do setor siderúrgico.

Produção cai em relação a 2008

A produção mundial de aço bruto caiu 5,5% em agosto em relação ao mesmo período de 2008, para 106,5 milhões de toneladas, informou ontem a Associação Mundial do Aço. Mas o volume produzido foi maior que em julho, seguindo a tendência de crescimento mensal registrada desde abril, conforme as siderúrgicas mundiais retomam capacidade com incremento de encomendas. A produção de aço bruto na China, maior produtor e consumidor do metal no mundo, subiu para um recorde de 52,3 milhões de toneladas em agosto, 22% acima do verificado um ano antes. No Brasil, a produção de aço bruto somou 2,676 milhões de toneladas em agosto, número superior às 2,496 milhões de toneladas de julho. Sobre agosto de 2008, houve queda de 15%.