Título: Garcez relaciona amigos poderosos
Autor: Maltchik, Roberto; de Gois, Chico
Fonte: O Globo, 25/05/2012, O País, p. 4

BRASÍLIA. O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia Wladimir Garcez, apontado pela Polícia Federal como um dos principais operadores de Carlinhos Cachoeira junto ao governo do tucano Marconi Perillo, apresentou ontem à CPI o que diz ser seu rol de amigos. Na sua lista, aparecem desde o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles até o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Garcez foi o único que falou nos depoimentos de ontem. O sargento da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, e o policial militar Jairo Martins usaram o direito de ficar calado. Garcez abriu seu depoimento elencando as autoridades de quem diz ser próximo: além de Cardozo e Meirelles; o ex-governador de Goiás Iris Rezende; o subsecretário de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto; o próprio Marconi Perillo; e o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT). No fim, sobrou até para o ex-governador Mário Covas, que morreu em 2001, de quem disse ter sido coordenador de campanha na Região Centro-Oeste.

- Não sou delinquente, não sou criminoso, tenho história e tenho família. Conheço muitas lideranças deste país, a começar pelo ministro José Eduardo Cardozo. Sou amigo e coordenador da campanha do dr. Henrique Meirelles, que foi deputado federal em Goiás. Milito na política há mais de 25 anos e, embora adversário político, conheço desde criança o prefeito, ex-governador e senador Iris Rezende, de quem também sou amigo - afirmou.

Quem também figurou na lista foi Paulo Paim (PT-RS). A Olavo Noleto, o ex-vereador dispensou tratamento diferenciado:

- Prezo da amizade do dr. Olavo Noleto, assessor especial do Palácio do Planalto, com quem mantenho relacionamento desde quando fui presidente da Câmara no governo do PT de Pedro Wilson, mesmo pertencendo ao PSDB. Já me encontrei várias vezes com eles, mas nunca para tratar de qualquer assunto ilícito - assegurou.

Ao governador de Goiás, referiu-se como "amigo e companheiro". Garcez, de acordo com as interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal, organizou a indicação de servidores de confiança ao governo de Goiás, apontados por Cachoeira. O ex-vereador negou que conversasse com Perillo sobre cargos e chamou de falsa a versão de que tenha entregado dinheiro no Palácio das Esmeraldas.

Olavo Noleto informou que, como chefe de gabinete do ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson, entre 2001 e 2002, teve contato com Garcez. A assessoria de imprensa do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que ele não mantém nem manteve amizade com Wladimir Garcez. Já o ex-senador Iris Resende informou que, "diante da declaração provocativa de Wladimir Garcez, causou estranheza o fato de ele ter omitido o nome da senadora Lúcia Vânia (PSDB), que se encontrava no recinto, a despeito de Garcez ter sido assessor da parlamentar. O senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que esteve em Goiânia há cerca de 10 anos para fazer uma palestra sobre aposentados e receber uma homenagem. Na ocasião, disseram-lhe que ficaria hospedado em uma casa em Três Ranchos, distante 300km de Goiânia.