Título: Imprensa internacional faz críticas à decisão
Autor: Milhorance, Flavia
Fonte: O Globo, 26/05/2012, O País, p. 11

WASHINGTON, PARIS e MADRI. O veto parcial da presidente Dilma Rousseff ao Código Florestal foi criticado por boa parte de importantes jornais e agências internacionais, que consideraram que a imagem do Brasil ficou arranhada às vésperas da Rio+20.

A rede CNN enfatizou que o veto ocorre a menos de um mês da Rio+20 e afirmou que ele foi menos efetivo do que a população gostaria: "Muitos brasileiros cobraram um veto total e, por isso, realizaram protestos em todo o país, coletando mais de 1,9 milhão de assinaturas em um abaixo-assinado. Ao contrário, Rousseff optou pelo veto parcial dos artigos que muitos diziam conceder uma anistia aos que ilegalmente desmatavam a floresta".

Para a Bloomberg, "a anistia ao desmatamento da Amazônia permanece mesmo após o veto". A agrônoma Laura Antoniazzi, do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), afirmou em entrevista à agência que "a anistia permaneceu para os madeireiros ilegais, representando uma vitória para a indústria agrícola" o que, segundo ela, prejudicaria a imagem do país que sediará a cúpula da Rio+20.

O "Le Monde", periódico francês, afirmou que a presidente vetou parcialmente uma lei que "reduz a proteção da Amazônia no Brasil". A reportagem disse que a reforma na lei é tida como controversa segundo ambientalistas e foi "empurrada no Congresso pelo poderoso lobby agrícola".

O também francês "Le Figaro" ressaltou, da mesma forma, a força do lobby de agricultores na decisão tomada pelo governo: "A reforma do Código Florestal de 1965 representava uma vitória do poderoso lobby dos agricultores depois de anos de batalha com ambientalistas, mas se tornou particularmente embaraçoso para o Brasil, que está a um mês da Rio+20."

A rede britânica BBC foi enfática ao afirmar que o Brasil aprovou um código florestal "retrógrado". Já o espanhol El País não foi tão crítico e destacou que a decisão não foi fácil para Dilma às vésperas da Rio+20. "A líder brasileira impôs o veto presidencial a alguns dos pontos polêmicos do novo Código Florestal aprovado pelo Congresso em abril passado, entre eles, a anistia aos grande donos de terra que desmatavam parte da Amazônia até 2008".

O "Washington Post" ressaltou que o texto original prejudicaria a Amazônia: "A presidente Dilma Rousseff usou seu poder de veto à decisão do Congresso que enfraquecia a proteção da Amazônia".