Título: Dólar cai pelo terceiro dia e fecha a R$ 1,99
Autor: Sorima Neto, João
Fonte: O Globo, 26/05/2012, Economia, p. 32

SÃO PAULO . O dólar comercial fechou ontem em queda pelo terceiro dia consecutivo e abaixo do patamar de R$ 2 pela primeira vez desde o dia 14 de maio. A cotação foi resultado da ação do Banco Central (BC), que realizou um leilão cambial logo após a abertura do mercado. A moeda americana se desvalorizou 1,67%, cotada a R$ 1,993 na compra e R$ 1,995 na venda. Na máxima do dia, a divisa chegou a R$ 2,033 e, na mínima, a R$ 1,992. Na semana, o dólar caiu 1,19%, primeira queda semanal. No mês, o dólar sobe 4,6%, e no ano, 6,74%.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), teve um dia de ajuste técnico, segundo analistas, com os investidores comprando ações que ficaram com preços considerados rentáveis após as sucessivas quedas deste mês. O índice fechou com alta de 0,74%, aos 54.463 pontos. Na semana, o Ibovespa praticamente zerou suas perdas e encerrou com queda de 0,09%.

Ontem, o BC vendeu contratos de swap cambial, surpreendendo o mercado. A autoridade monetária entrou no mercado de câmbio quando a moeda americana já estava em queda. Foram vendidos 14 mil contratos, no valor de US$ 698 milhões.

- Isso fez o dólar voltar a operar abaixo de R$ 2 durante o dia. Apenas no fim do dia houve um sobressalto - disse João Medeiros, sócio da corretora Pionner.

Na semana, o dólar encerrou com baixa após as intervenções do BC, que realizou leilões de swap cambial tradicional por quatro pregões consecutivos. A operação é equivalente a vender dólares no mercado futuro. Analistas dizem que havia pressão sobre o dólar no mercado futuro por causa da necessidade das empresas de fazerem hedge (proteção) contra a alta da moeda.

Dos 40 mil contratos vendidos, foram negociados 9 mil com vencimento em 2 de julho deste ano e outros 5 mil com vencimento em 1 de agosto.

Construtoras e bancos puxam valorização da Bolsa

De acordo com analistas, a Bovespa se descolou das Bolsas americanas e foi puxada por uma recuperação dos papéis de construtoras e bancos, que haviam sido muito castigados nos últimos pregões.

- Houve ajuste técnico nos setores de construção e bancos. Nos EUA, onde é feriado na segunda-feira, os investidores preferiram se desfazer de posições com as incertezas na Europa, especialmente a situação da Grécia, e as bolsas caíram. Os papéis da Vale também tiveram um desempenho ruim, impedindo o índice de subir mais. A Vale acompanhou o movimento de queda de papéis de mineradoras em todo o mundo, devido à perspectiva de crescimento menor da China - disse o economista Fausto Gouveia, da Legan Asset.

Entre as ações com maior peso no Ibovespa, a Vale fechou com queda de 1,62%; Petrobras PN caiu 0,32%; e OGX Petróleo, 0,09%. Já Itaú Unibanco avançou 1,20%; e PDG Realty ON, 5,57%. Os papéis de construtoras ficaram entre as maiores altas, como Brookfield ON (9,46%) e Cyrela Realt ON (5,44%).

Nos EUA, o índice de confiança dos consumidores subiu em maio, ficando acima da expectativa do mercado: 79,3 pontos, segundo a Universidade de Michigan e a Thomson Reuters, contra 76,4 pontos em abril. Mas os números não impulsionaram as Bolsas. O índice Dow Jones perdeu 0,60%; Nasdaq, 0,07%; e o S&P 500 caiu 0,22%.

Na Europa, as Bolsas fecharam no campo positivo. Madri subiu 0,13%; Frankfurt se valorizou 0,38%; Paris teve alta de 0,32%; e Londres, de 0,03%, também num dia de recuperação e sem notícias negativas da Grécia.