Título: Para relator, cassação é incerta
Autor: Barbosa, Givaldo
Fonte: O Globo, 30/05/2012, O País, p. 11
BRASÍLIA. A segurança e a assertividade de Demóstenes ontem impressionaram alguns integrantes do Conselho de Ética, levantando dúvidas sobre sua cassação no plenário do Senado, onde o voto é secreto. Mas a maioria concorda que ele se complicou ao admitir quebra de decoro parlamentar, principalmente por ter confessado que o bicheiro Carlinhos Cachoeira pagava as contas do rádio Nextel que ele próprio deu de presente ao senador.
Cauteloso, o relator Humberto Costa (PT-PE) preferiu não confirmar a quebra de decoro, mas é um dos que consideram indefinido o futuro do do senador.
- Os dados disponíveis são cristalinos e alguns contundentes. Eu acredito que no Conselho de Ética não haverá um posicionamento que não seja aquele justo. Já no plenário, vai depender da nossa capacidade de convencer as pessoas sobre o nosso juízo - afirmou o relator.
Diante da estratégia da defesa de que o uso de um celular é um crime pequeno para cassação de um mandato, o relator afirmou:
- Não é usual que um senador ou parlamentar conceda a uma pessoa claramente vinculada à contravenção a oportunidade de lhe presentear com um telefone.
O relator voltou a avisar que o conselho não permitirá manobras protelatórias da defesa, e antecipou que irá indeferir o pedido de perícia nos áudios:
- Já foi dito e reiterado que aqui o julgamento é político.
Já o advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, disse ter ficado satisfeito.
- Isso (o uso do Nextel) é de conhecimento desde o pedido do processo. Não há nenhuma contradição nem quebra de decoro. É claro que agora, depois que os fatos ocorreram, as pessoas podem dizer: ele não deveria ter aceitado - disse Kakay.
Autor do pedido de investigação, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-PR) foi duro.
- Ofende a inteligência ele dizer para nós que não sabia que o senhor Carlinhos Cachoeira era contraventor. Ele participou da CPI dos Bingos, que indiciou o Cachoeira. Como não sabia? ( Isabel Braga , Paulo Celso Pereira e Maria Lima )