Título: Nem tudo o que se diz se faz, afirma senador
Autor: Barbosa, Givaldo
Fonte: O Globo, 30/05/2012, O País, p. 11
BRASÍLIA. Quando falou ao Conselhos de Ética, Demóstenes negou também ligações com a Delta e disse que se sentiu traído por Carlinhos Cachoeira. A seguir, os principais trechos:
dizer e fazer: Como diz (o sambista) Ismael Silva, nem tudo o que se diz se faz. Eu fiz o que achei que era republicano" (ao argumentar que nem tudo o que ele disse a Cachoeira nos diálogos interceptados pela Polícia Federal foi efetivamente colocado em prática).
DEPRESSÃO: "Vivo o pior momento da minha vida desde fevereiro: depressão, remédio para dormir que não faz efeito, fuga de amigos. Muita coisa dita é desmentida pelos próprio autos... Nunca sofri tanto. Confesso que pensei nas piores coisas, em renunciar ao mandato".
RELIGIÃO: "Só pude chegar aqui hoje porque redescobri Deus. Parece fato pequeno, mas minha atuação era pautada mais pelos homens do que por Deus. E, se eu cheguei até aqui, é porque readquiri a fé.(...) Ninguém pode usar o nome de Deus como estratégia de defesa. Sou um carola, senador."
PATRIMÔNIO: "Tudo o que é divulgado hoje é divulgado com maledicência. Comprei o apartamento. Paguei R$ 400 mil com dinheiro da minha mulher, financiei R$ 800 mil. Vou terminar de pagar a última prestação quando inteirar 80 anos. Dou conta de que posso pagar, mas a manchete é: Demóstenes quadruplica seu patrimônio. Sim, em 30 anos irei quadruplicar."
LANTERNA NA POPA: "Eu não tinha lanterna na popa. O que eu sabia é que me relacionava com um empresário que se relacionava com outros cinco governadores, dezenas de parlamentares, tinha vida social. Na ocasião, quem poderia saber o que sabemos hoje? Reafirmo que tinha amizade com ele sim."
INQUÉRITO/INOCÊNCIA: "Em entrevista, a subprocuradora (Cláudia Sampaio) diz: "Demóstenes não participava do esquema de jogos ilegais"."
NEXTEL: "Nunca achei que o aparelho fosse antigrampo. Recebi o rádio para a minha comodidade, pois falava no Brasil, nos EUA e na Argentina. Se era sigiloso, como foi grampeado? Hoje é fácil verificar que foi um erro, mas na época eu não tinha lanterna na popa e nem sabia que era utilizado para outras finalidades. A subprocuradora Cláudia Sampaio, na mesma entrevista, diz que não é crime receber Nextel. Eu não poderia imaginar jamais que 40 ou mais pessoas tinham esses rádios (dados por Cachoeira)."
416 LIGAÇÕES COM CACHOEIRA. "Tive mais de 16 mil ligações de celular. Meu gabinete originou mais de 200 mil ligações.(...) O que eu achava correto fazer, fazia. Era o meu padrão de atendimento. Não há quebra de decoro em comentar um projeto com quem quer que seja".
GILMAr MENDES/VIAGEM: "Nos encontramos em Praga, pegamos um trem para Berlim. Vim para o Brasil num voo, o ministro veio em outro. Utilizei o avião (de um amigo) e não o ministro Gilmar, espero que essa história fique esclarecida".
VOOS AMIGOS: "Utilizei aviões de diversas pessoas em Goiás, não do Cachoeira. Ele não tinha e não pagou avião para mim. Mas utilizei de outros, vários, o estado é grande, não utilizei em troca do mandato parlamentar. Utilizei de empresários e amigos de Goiás que não Cachoeira."
INTERLOCUTOR PRIVILEGIADO: "Fui no Senado muito tempo interlocutor privilegiado dos ministros do Supremo, do STJ, e ia a eles quando havia demanda que valia a pena. Nunca foi pedido nada a eles. Quem tem conversas sabe como são: você discorre sobre temas, mas pleitos, nenhum. Tive relacionamento neste padrão."
DELTA/SÓCIO OCULTO: "Como posso ser sócio de alguém (Fernando Cavendish, dono da Delta) que não conheço? Cláudio Abreu disse que Demóstenes seria sócio oculto. Não posso ser responsável pelo o que os outros dizem de mim. O sócio oculto da Delta não sou eu. Se tem, procurem com uma lupa. Não sou eu".
JOGAR VERDE. "Isso foi realmente jogar verde (quando teria informado Cachoeira sobre uma operação da PF que não foi realizada). O governador (Marconi Perillo) me disse que ele (Cachoeira) não lidava mais com jogo. O objetivo era saber se não lidava mais mesmo. Eu disse que tinha informação sobre uma operação. Mas essa operação de fato aconteceu? Não. Foi realmente jogar um verde".
QUEM PAGAVA A CONTA DO NEXTEL? "Ele (Cachoeira) imagino. R$ 40 ou R$50 reais por mês".
SE SENTIU TRAÍDO? "Sim. Acho que todo mundo que se relacionou com ele (Cachoeira) e não tinha conhecimento (da organização criminosa). Todos nós ficamos na pior situação".
GOVERNADORES: "Me desculpe! Alcaguete eu não não sou! Não vou declinar nomes de ninguém aqui. Está lá na imprensa. Vá lá e veja".
-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 30/05/2012 04