Título: Comissão quebra sigilo de outras 18 empresas ligadas a Cachoeira
Autor: Maltchik, Roberto
Fonte: O Globo, 31/05/2012, O País, p. 4

BRASÍLIA. A CPI também aprovou uma lista de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de 18 empresas que movimentaram recursos da organização comandada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. Com isso, espera obter mais informações sobre o funcionamento da quadrilha.

Considerado pela Polícia Federal um dos principais auxiliares do bicheiro Carlinhos Cachoeira, o administrador Lenine de Araújo negou à CPI que investiga a relação do contraventor com políticos e empresários que seja o braço-direito do chefe da organização criminosa. Ele prometeu que falará à comissão depois de prestar depoimento à Justiça Federal de Goiás, em audiências marcadas para hoje e amanhã.

Braço direito de Cachoeira se diz disposto a colaborar

Lenine não respondeu às perguntas e se ateve ao pronunciamento inicial, da mesma forma que procedeu o ex-presidente da Câmara municipal de Goiânia, Wladimir Garcez, em depoimento prestado na semana passada. Afirmou que é vítima de injustiça e que passou a sofrer problemas psicológicos, após ficar enclausurado no presídio de segurança máxima de Mossoró, depois de ser preso em 28 de fevereiro durante a Operação Monte Carlo.

- Queria deixar bem claro que estou disposto a colaborar depois dos meus atos de defesa (no processo judicial). Eu queria, dentro da medida do possível, colaborar com os senhores e, inclusive, esclarecer alguns pontos sobre a minha pessoa. Que eu vejo que estão cometendo certas injustiças com a minha pessoa. (...) Tive vida empresarial ao longo da minha vida, tive empresas, sou administrador de empresas formado. Administro meus imóveis. Não sou sócio de nenhuma empresa que está ligada a esses fatos todos. Não me considero braço-direito do senhor Carlos. Me sinto injustiçado. Os meus bens estão declarados - disse Lenine, antes de adotar o silêncio.

Detido na Penitenciária da Papuda, em Brasília, o ex-diretor da Delta Centro-Oeste Cláudio Abreu também esteve na CPI, mas manteve o silêncio. Ele é apontado pela PF como o agente de ligação entre a Delta e o esquema de Cachoeira. O mesmo caminho do silêncio foi seguido por Gleyb Ferreira, apontado como laranja de empreendimentos de Cachoeira, e por José Olímpio Queiroga Neto, que atuaria na administração do jogo do bicho em cidades goianas.

O presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Eduardo Rincón, homem de confiança do governador Marconio Perillo, não compareceu à CPI. Enviou atestado médico no qual informou que está em tratamento de um aneurisma cerebral.