Título: Economistas esperam mais cortes este ano
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 31/05/2012, Economia, p. 27

BRASÍLIA. O economista André Perfeito, da Corretora Gradual, aposta que a diretoria do Banco Central (BC) não será nada conservadora daqui para a frente. Ele acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) considera o cenário atual parecido com o de agosto do ano passado, quando o colegiado surpreendeu até o mais ousado dos economistas de mercado ao interromper um movimento de várias altas dos juros com um corte significativo de 0,5 ponto percentual. Perfeito apostava em um corte de 0,75 ponto percentual na reunião de ontem e acredita que os juros chegarão a 6% ao ano no fim de 2012.

- Inflação não é uma preocupação agora. O momento do mundo não permite parcimônia. O BC não pode dar bola para o que o mercado está falando, porque não tem tempo para pudores - enfatizou o economista, referindo-se às críticas de que o BC estaria rendido às pressões políticas do Palácio do Planalto para derrubar os juros no Brasil.

Já o economista Sérgio Vale, da MB Associados, observou que o BC se mostra mais conservador nas atas das reuniões do Copom do que nas decisões sobre a Taxa Selic.

O ex-secretário do Tesouro Nacional Carlos Kawall é mais conservador nas previsões para os juros futuros, em relação às projeções de André Perfeito, mas sua estimativa está de acordo com as da maioria do mercado. Kawall acertou na previsão de que o BC cortaria 0,5 ponto na reunião de ontem e aposta que a Selic chegará a 8% ao ano no fim de 2012. O economista disse acreditar que o fato de os votos dos diretores serem abertos, a partir de agora, não deve influenciar a decisão do Copom:

- Vários outros bancos centrais no mundo já passaram por isso - afirmou o ex-secretário do Tesouro.