Título: Perillo volta ao centro das atenções da CPI amanhã
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Fonte: O Globo, 04/06/2012, O País, p. 5

BRASÍLIA . O governador de Goiás, Marconi Perillo, volta à berlinda amanhã, quando a CPI mista do caso Cachoeira deverá ouvir o depoimento do empresário Walter Paulo Santiago, que será questionado sobre suas relações com o governador e com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Em especial, sobre a venda de uma casa do governador que teria servido ao contraventor. Segundo Perillo, a casa, num condomínio de luxo em Goiânia, foi comprada por Walter Paulo, que é dono de uma faculdade. A negociação ficou mais nebulosa na semana passada, quando Wladimir Garcez, ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, disse à CPI ser o verdadeiro comprador do imóvel.

Aos parlamentares, Garcez, que está preso, revelou ter desembolsado R$ 1,4 milhão em troca da casa. Ele teria tomado o dinheiro emprestado de Cachoeira e do ex-diretor da Delta Centro-Oeste Cláudio Abreu. O governador sustenta que vendeu o imóvel a Walter Paulo, um dos homens mais ricos de Goiás, e que o ex-vereador serviu apenas de intermediário no negócio.

No mesmo depoimento, o ex-vereador disse que, depois, a casa foi repassada a Walter Paulo porque não conseguiu o dinheiro para acertar os empréstimos contraídos para a compra. O ex-vereador disse à CPI que trabalhava como consultor da Delta e de Cachoeira.

Na quinta-feira passada, após o depoimento de Garcez, Walter Paulo enviou uma carta ao presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), na qual confirmou a versão de Perillo. O empresário também informa que não esteve pessoalmente com o governador para negociar ou pagar pelo imóvel. Se a dúvida sobre a negociação do imóvel permanecer, o assunto deverá ser levantado novamente na próxima semana, quando Perillo deve ir à CPI.

Hoje, o senador Pedro Taques (PDT-MT) formaliza seu requerimento para convocar o radialista Luiz Carlos Bordoni, que disse ter recebido pagamento da empresa Alberto & Pantoja Construções por trabalho prestado à campanha de Perillo. O pagamento foi feito em um depósito de R$ 45 mil na conta da filha de Bordoni, Bruna Bordoni, que, segundo Taques, foi nomeada para trabalhar no gabinete do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).

A Alberto & Pantoja seria uma das empresas fantasmas usadas por Cachoeira para lavar o dinheiro da Delta Construções, segundo relatório da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. ( Luiza Damé e Carolina Brigido )