Título: PP em busca de ascensão
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 13/09/2009, Política, p. 6

Legenda vê no pleito do próximo ano a chance de ampliar o número de cadeiras no Congresso e no Executivo estadual

No que depender do PP, o ministro Márcio Fortes vai concorrer a vaga de deputado federal

O PP tem planos ambiciosos para as eleições do ano que vem. Quer eleger 50 deputados, seis senadores e dois governadores. E duas peças são fundamentais nesse xadrez: o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro das Cidades, Márcio Fortes. A legenda sonha com o chefe da política monetária disputando o governo de Goiás e o comandante da política de saneamento e habitação do governo Lula concorrendo a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Rio de Janeiro. A conversa com Meirelles continua, mas, como depende do ritmo do presidente do BC, ela é mais lenta do que gostariam os dirigentes do Partido Progressista. Fortes resiste à proposta, mas tem jogado o jogo como quer o PP. Segundo ele mesmo, é o ministro que mais viaja com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sucessão no Palácio do Planalto, para divulgar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A agenda carregada de Márcio Fortes é quase de pré-candidato. Em junho, visitou, no mesmo dia, Uberaba (MG) e Joinville (SC). No último mês, divulgou as iniciativas da pasta em São Paulo, Ceará, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Seu estado natal, aliás, é um dos destinos preferidos.

¿O ministro Márcio Fortes pode ser candidato ao que ele quiser. É só ele dizer o que quer e o partido estará à disposição. Ele tem feito um trabalho de viagens importantes pelo partido. Mas ele resiste à ideia¿, afirmou o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ). O líder da legenda na Câmara, Mário Negromonte (BA), defende que seja feito um esforço para romper as recusas do ministro das Cidades. ¿Ele tem um respaldo grande no partido, conhece a máquina como poucos. Seria muito importante se ele saísse candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Ele nos ajudaria a crescer¿, acrescentou.

Fortes rejeitou, recentemente, a possibilidade de ser candidato no pleito de 2010, enquanto Dornelles minimizou os prazos. O ministro das Cidades disse que só sai do governo se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quiser. ¿Vou ficar no governo até o fim¿, afirmou. ¿Essa é uma questão que vai ser decidida só em março, porque ele teria de sair somente em abril¿, rebateu Dornelles. Quanto à possibilidade de Meirelles, os dirigentes partidários são mais cauteloso. ¿As conversas estão avançando, mas como se trata do presidente do Banco Central, temos que falar de algo concreto ou estabelecer prazos só quando estiver mais maduro¿, disse Negromonte.

Caminhos Para a eleição nacional, o presidente do PP tem feito diversas reuniões com os diretórios estaduais para ouvir qual o melhor caminho a tomar. Mas há uma tendência pró-mãe do PAC na legenda. ¿A ministra Dilma é a preferida, mas há alguma divisão¿, disse o líder baiano.

O PP conta hoje com dois governadores ¿ Ivo Cassol (Rondônia) e Alcides Rodrigues (Goiás)¿, 38 deputados e apenas um senador. Uma parte do trabalho de reforço de suas bases já está sendo feita. Na Bahia, o Partido Progressista projeta engordar. Ganha em outubro a filiação do ex-governador carlista Otto Alencar e flerta com a entrada dos deputados federais José Carlos Araújo, Bispo Marinho e Maurício Trindade, que estão de saída do PR.