Título: CPI tenta esclarecer venda de casa
Autor: Fariello, Danilo
Fonte: O Globo, 05/06/2012, O País, p. 5

BRASÍLIA. A CPI do Cachoeira recebe hoje o professor Walter Paulo Santiago, que comprou em 13 de julho de 2011, por meio de uma empresa com capital social de R$ 20 mil, a casa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), na qual o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso em 29 de fevereiro do ano passado. Os integrantes da CPI esperam que Walter Paulo possa esclarecer se Marconi recebeu duas vezes pela mesma venda e como a empresa, na qual ele nem aparece como sócio, conseguiu pagar os R$ 1,4 milhão do valor declarado do imóvel.

A CPI também ouvirá a ex-chefe de gabinete de Perillo, Eliane Gonçalves Pinheiro, flagrada em conversas telefônicas, nas quais Cachoeira a informa sobre uma ação da Polícia Federal em Goiás. Os sócios da Mestra Administração, em nome da qual está a casa que era do governador, também serão ouvidos. Écio Antonio Ribeiro, que aparece formalmente como sócio da Mestra, declarou em seu Imposto de Renda de 2010, disponível na Junta Comercial de Goiás, que teve rendimentos de apenas R$ 17.265 naquele ano. A outra sócia é Sejana Martins. O professor Walter Paulo afirma que é conselheiro administrativo da Mestra, embora seu nome não apareça na Junta Comercial, apenas em um documento de 17 de dezembro de 2010, cujas firmas só foram reconhecidas em 21 de maio deste ano.

A data coincide com o dia em que Walter Paulo enviou um ofício ao presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), no qual afirma que o ex-vereador Wladimir Garcez o procurou em fevereiro do ano passado para lhe vender a casa que pertencia a Marconi.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que a revelação feita pelo GLOBO, no domingo, de que Marconi omitiu bens de sua declaração entregue à Justiça Eleitoral, agrava a situação do governador.

- A situação dele é cada vez mais complicada. A CPI não tem que ter pressa em ouvi-lo.

Já o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), prefere a cautela.

- Temos de ouvi-lo. As coisas às vezes são diferentes do que parecem.