Título: Justiça solta Dadá, braço-direito de Cachoeira
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 05/06/2012, O País, p. 9

BRASÍLIA. Por três votos a zero, a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília, concedeu ontem habeas corpus ao ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá. Ele foi preso em 29 de fevereiro, na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, acusado de instalar escutas ilegais para atender a interesses do contraventor Carlinhos Cachoeira. Agora, Dadá vai responder em liberdade à ação penal referente à suposta participação nas ilegalidades de Cachoeira.

Apesar de ter concedido o habeas corpus, o tribunal proibiu o réu de manter contato com as pessoas denunciadas no mesmo processo e com as empresas mencionadas nos autos até o encerramento da instrução criminal. Ele também está proibido de deixar Brasília, onde mora, sem autorização da Justiça. O TRF também condicionou a liberdade ao "termo de compromisso de comparecimento a todos os atos do processo". Se ele violar alguma das condições, poderá voltar à prisão.

Na semana passada, o relator do processo, desembargador Tourinho Neto, votou a favor da libertação do réu, mas um pedido de vista do desembargador Cândido Ribeiro adiou a decisão. Ontem, Ribeiro acompanhou o relator. Para ele, não há sentido no argumento do Ministério Público de que Dadá era a "cabeça pensante" da organização e, por isso, deveria continuar atrás das grades.

- Como um sujeito que é cabeça pensante de uma organização como a de Cachoeira recebe somente R$ 5 mil? - questionou Cândido Ribeiro.

Em depoimento à CPI do Caso Cachoeira na semana passada, Dadá não respondeu as perguntas dos parlamentares.

Também ontem, a Terceira Turma confirmou, por unanimidade, decisão liminar que resultou na transferência de Cachoeira para a Penitenciária da Papuda, em Brasília. Antes, ele estava detido no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. A decisão de transferir o contraventor foi do desembargador Fernando Tourinho Neto, em 16 de abril.

Cachoeira está detido em Brasília desde 18 de abril, em uma área destinada a presos da Polícia Federal. Ele também foi preso em 29 de fevereiro, na Operação Monte Carlo, que apurou esquemas de corrupção e exploração de jogos ilegais no Centro-Oeste.