Título: Dilma exalta código e ataca egoísmo burro
Autor: Lima, maria
Fonte: O Globo, 06/06/2012, O País, p. 3

BRASÍLIA . Em solenidade pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que crescimento econômico sem preservação da natureza é "egoísmo burro", na medida em que compromete o futuro das próximas gerações. A poucos dias do início da Rio+20, a conferência ambiental das Nações Unidas, ela assinou atos da agenda verde e reafirmou sua aposta na possibilidade de conciliar desenvolvimento e sustentabilidade, sintetizada no trinômio "crescer, incluir e proteger".

Dilma aproveitou para dar recados à bancada ruralista e frisou a importância da medida provisória que substituiu trechos vetados do Código Florestal. A MP precisa ser votada no Congresso, onde corre o risco de ser modificada, já que a maior parte das emendas ao texto foi apresentada pela bancada ruralista.

- O novo Código Florestal é o mais recente dos marcos regulatórios. O desenvolvimento deve ser sempre sustentável, é um imperativo ético e de eficiência. Nossa economia, para ser edificante e competitiva, tem que ser sustentável. Proteger nossos rios, criar e preservar matas ciliares é algo fundamental para a produção e a continuidade da produção em nosso país - disse Dilma, referindo-se a um dos pontos que gera mais polêmica com os grandes agricultores, a recomposição das margens de rios.

Presente à cerimônia, a presidente interina da Câmara, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), disse que o governo pode ser derrotado, se insistir no texto da MP enviada ao Congresso. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, procurou demonstrar confiança na aprovação do texto e minimizou o número de emendas:

- As 620 emendas são do processo democrático, pelo que li, muitas motivadas pelo setor da agricultura. O governo nunca se recusou a dialogar com o Congresso nem irá se recusar.

O evento no Palácio do Planalto marcou uma espécie de abertura simbólica da Rio+20. Ao lado do secretário-geral das Nações Unidas para a conferência, Sha Zukang, e do governador do Rio, Sérgio Cabral, Dilma assistiu ao vivo, por telão, ao hasteamento da bandeira da ONU no Riocentro. Na plateia, indígenas com cocares aplaudiram.

- Crescer, distribuir e usufruir riqueza, sem proteger o meio ambiente, é o pior dos egoísmos. E a gente pode dizer que é um egoísmo burro, exercido contra nós, contra nossos filhos, netos e descendentes. É cair numa armadilha - discursou a presidente.

Dilma deixou claro que é contra a anistia a desmatadores, destacando que a punição é uma diretriz de governo na gestão ambiental. Vestindo blusa verde, Dilma frisou que o Brasil vem trilhando o caminho do desenvolvimento sustentável com inclusão social:

- O PIB cresceu mais de 40% na última década. Nesse mesmo período, 40 milhões de brasileiros ascenderam à classe média, sem abusar de nossos recursos naturais. Crescemos, incluímos e, ao mesmo tempo, nos transformamos em referência em preservação ambiental.