Título: PSB deixa governo de SP e deve apoiar Haddad
Autor: Uribe, Gustavo; Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 06/06/2012, O País, p. 12

SÃO PAULO. O presidente do PSB de São Paulo, Márcio França, deixou ontem cargo de secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin (PSDB). A decisão abre caminho para os socialistas anunciarem o apoio à candidatura do petista Fernando Haddad à prefeitura da capital paulista.

- A saída do governo significa que há uma chance muito grande de fecharmos a aliança com o PT - disse o presidente do Diretório Municipal do PSB, vereador Eliseu Gabriel, até então um dos principais opositores do acordo.

França foi mais cauteloso e disse que a sua saída apenas torna a situação mais confortável caso o acordo com o PT venha mesmo ser fechado. Ele disse que a aliança em São Paulo ainda depende do acerto de alguns pontos, como a desistência do prefeito de Recife, João da Costa (PT), de concorrer à reeleição. O presidente nacional do PSB, o governador Eduardo campos, aceita apoiar um petista em Recife, desde que não seja Costa.

- Achei melhor sair porque, como somos adversários do PSDB em várias cidades do estado, não quero causar constrangimento - disse França.

Na nota que divulgou sobre sua saída, França, que é deputado federal, faz elogios a Alckmin e diz que permanecerá à disposição do governo na Câmara.

O acordo com o PSB já é dado como certo pelos petistas desde a semana passada. O martelo deve ser batido em uma conversa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Campos na próxima semana.

Se, por um lado, os petistas comemoram a aproximação do PSB, por outro ainda mostram contrariedade com o apoio do PR à pré-candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo.

O diagnóstico do PT é que o anúncio foi uma retaliação ao Palácio do Planalto, em virtude da demora na indicação de um membro da sigla para o Ministério dos Transportes. O partido, que faz parte da base aliada do governo federal, já havia sinalizado em maio à coordenação de campanha do pré-candidato do PT, Fernando Haddad, que apoiaria o PSDB em São Paulo. As turbulências entre PT e PR se estendem desde julho, quando a presidente Dilma Rousseff afastou a cúpula do Ministério dos Transportes, após indícios de irregularidades na pasta.

- O PR está raciocinando com uma perspectiva federal e, assim, fica de fora de uma aliança natural. Essa é uma aliança que não se justifica em esferas federal ou municipal. Os vereadores do PR têm uma ótima relação com os vereadores do PT. Isso me parece uma vingança contra o governo federal, que prejudica a relação com o Palácio do Planalto - afirmou o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP).